Nelson Piquet está envolvido no escândalo das joias, por conta de uma narrativa falsa, mas o Piquet de Miami que apareceu na investigação da Polícia Federal não é filho nem irmão do tricampeão de Fórmula 1. Cristiano Piquet é corretor de imóveis que mora há mais de 20 anos nos Estados Unidos e atende, principalmente, a brasileiros interessados em investir ou morar naquele país.
Cristiano Piquet foi quem pegou a mala supostamente com as joias em Orlando e levou para Miami, onde o pai do Mauro Cid, o general do Exército Mauro Lourena Cid, a pegou. O pai tirou fotos dos pertences da União, de que Bolsonaro se apropriou indevidamente, e o ofereceu no mercado.
O Rolex chegou a ser vendido e depois recuperado, numa operação que contou com o advogado Frederick Wassef. Parte da receita do Rolex teria sido entregue em dinheiro para Bolsonaro, conforme revela uma troca de mensagens de Mauro Cid. Nelson Piquet apareceu na história quando houve denúncia do sumiço das joias. Assessores de Bolsonaro mentiram que os bens estariam armazenados na fazenda do tricampeão de Fórmula 1.
O Cristiano de Miami é dono da Piquet Realty, que, em seu site se descreve como “uma das agências mais respeitadas do sul da Flórida” e “líder imobiliário em Miami”, conforme lembra o Metrópoles.
No dia 1º de janeiro de 2023, Mauro Cid conversou com o assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. Inicialmente, Câmara encaminha uma mensagem para Cid perguntando a “situação de uma mala”, que o “irmão da dona Michelle (Bolsonaro) teria falado”. Em resposta, Cid afirma que deixou a mala com o coronel Camarinha, médico do ex-presidente, e pede para Marcelo Câmara intermediar a entrega da mala para Cristiano Piquet.
Segundo a conversa, Piquet seria o responsável por levar a mala para Miami, onde, posteriormente, as investigações mostram que os presentes foram negociados.
“É, eu pensei de deixar com o Piquet pra ele descer pra Miami com esse material. Tinha como engrenar aí pra buscar com o coronel Camarinha essa mala e entregar pro Piquet, amanhã, meio-dia?”, diz Cid na conversa.
A partir dessa mensagem, a PF pesquisou em fontes abertas o nome de Piquet e verificou que seria um empresário do mercado imobiliário da região da Flórida.
Foi o empresário que auxiliou a equipe de servidores da presidência a locar e providenciar a adequação do imóvel para a estadia de Jair Bolsonaro, na cidade de Orlando, na Flórida, conforme dados constantes no material analisado. Bolsonaro ficou na casa por três meses.
O pacote de jóias levadas no avião presidencial aos EUA tinha sido entregue a Jair Bolsonaro, no Palácio do Alvorada, quando ele ainda era presidente. O protocolo de entrega informa que o próprio Bolsonaro conferiu a mercadoria, depois que ela tinha sido catalogada pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica como bem pessoal do presidente.
Se Bolsonaro recebeu as joias e as levou para os EUA com intuito de vendê-las, tecnicamente ele é o autor do crime de peculato.