Em entrevista a TV GGN, a mãe de uma vítima do massacre de Paraisópolis contou a tortura de esperar justiça por quase 4 anos. A primeira audiência do caso ocorreu na terça-feira, 25. Dos 31 policiais investigados, 12 tornaram-se réus no caso.
“Às vésperas do dia que combate a tortura, a gente vai estar diante de um juiz, um promotor, dos advogados, os próprios réus, para poder falar que eles torturaram nossos filhos até a morte.”
Na ocasião, o então governador João Doria, corroborou com a ação da PM e atribuiu as mortes a “bandidos que invadiram o baile”. Imagens mostram policiais chutando uma pessoa e encurralando jovens nas vielas com o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
“Ele parabenizou os policiais que mataram os nossos filhos no mesmo dia, depois ele voltou atrás nas redes sociais dele se retratando”
Maria Cristina Quirino é mãe de Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos, uma das nove vítimas do massacre de Paraisópolis. Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, ela conta que, após a tragédia, se afastou da família para continuar na luta por justiça pela morte do filho.
“A minha família acabou”
Denys adorava dançar funk e “só queria ser um cidadão comum”
Ele chegou a comentar sobre o desejo de começar a estudar no período da noite, para poder conseguir um emprego de carteira assinada. A mãe diz que a tragédia ocorreu antes dele terminar de tirar todos os documentos para a Carteira de Trabalho e o título de eleitor. Denys era o terceiro de quatro filhos, frequentava o ensino médio e gostaria de seguir a carreira militar, para agradar Maria Cristina, que sempre quis um filho no Exército.
“Quando eu perguntava pra ele [Denys] o que que ele queria ser quando crescesse, a única coisa que ele me respondia, era que ele ia servir o exército para me dar alegria.”
O Caso de Paraisópolis
Na madrugada de 1 de Dezembro de 2019, ocorreu uma operação de repressão ao Baile DZ7 na comunidade Paraisópolis em São Paulo. Para conter a multidão, os policiais utilizaram bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e atiraram com balas de borracha. Na tentativa de se proteger da repressão policial, uma parte da multidão estimada de 5 a 8 mil pessoas, correu para uma das vielas da comunidade.
Encurralados pela polícia, a multidão se espremeu na estreita viela do Louro, e os nove jovens de 16 a 23 anos não conseguiram escapar. A versão da polícia alega que os jovens foram pisoteados pela multidão, o laudo da perícia comprovou que 8 dos jovens morreram asfixiados, que pode ter sido ocasionada pelas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.
*Icaro Brum/GGN