Parceria entre MEC e Ministério da Saúde vai retomar programa de educação sexual em escolas públicas

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Por meio do Programa Saúde na Escola, parceria do Ministério da Saúde com o Ministério da Educação, as aulas de educação sexual serão retomadas nas escolas públicas brasileiras. As pastas vão investir mais de R$ 90 milhões em municípios que incluírem o tema no currículo escolar. A iniciativa é motivo de polêmica entre pais e educadores há anos, diz o Agenda do Poder.

Segundo a médica e sexóloga forense Mariana Ferreira, o grande problema da discussão é que muitas pessoas confundem educação sexual com “ensinar a fazer sexo”, que são coisas completamente diferentes. “Quando negamos informações os deixamos vulneráveis à violência sexual. Eles não vão saber o que está acontecendo e como pedir ajuda”, diz Mariana, que já investigou casos de violência sexual que a marcaram. “Em um deles, uma criança dizia brincar com a ‘boneca do tio’. Era assim que o agressor chamava o pênis, e o menor, vítima do abuso, não sabia o nome certo porque nunca o ensinaram.”

“Educação sexual nas escolas significa ensinar autoproteção corporal, desenvolvimento de uma sexualidade saudável, evitando, por exemplo, gestações precoce, contaminação por infecções sexualmente transmissíveis e comportamento sexual de risco”, explica Mariana, que dá palestras sobre o tema e é fundadora do Instituto Pródigs/Pró-Dignidade Sexual. Para ela, a educação é uma arma poderosíssima para proteção de jovens.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 61,4% dos estupros no Brasil são praticados contra crianças de 0 a 13 anos, e em 88,7% contra pessoas do sexo feminino. O que significa que a maioria das vítimas são meninas.

“Se a gente não ensina o que é violência sexual, como se manifesta e o que fazer quando acontece, eles são incapazes de diferenciar. A gente deduz que uma criança, uma adolescente, sabe o que é a violência instintivamente, mas isso é errado”, diz Mariana.

A médica explica que cada faixa etária tem uma grade de assuntos a serem abordados: enquanto os mais novos aprendem sobre partes do corpo e órgãos genitais, aqueles que estão entrando na adolescência são instruídos sobre questões práticas da saúde sexual e proteção.

“Com os pequenos, de 3 ou 4 anos, começamos ensinando sobre as partes do corpo, os nomes certos, quem pode ter acesso e como pode ter acesso. Não adianta falar ‘ninguém pode colocar a mão aqui’, não funciona”, explica Mariana. Segundo ela, dizer apenas “não toque” pode causar pânico quando pessoas autorizadas no cuidado, como pais, cuidadores e médicos, os ajudarem no banho e na hora de se limparem.

“A gente tem que ensinar em uma linguagem clara o que pode e o que não pode. Quando fornecemos essas informações, reduzimos as chances dessas crianças passarem por abusos sem reconhecê-los”, diz a especialista.

 

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