Toda a postura de suposto “combate” às fake news propagandeada de modo cínico pela grande imprensa brasileira exemplificada pelas Organizações Globo caiu por terra em tempo recorde. Nada que surpreenda os mais experientes analistas, entretanto, para marinheiros de primeira viagem fica a demonstração clara do quão ilegal e antidemocrático é o uso do poder de difusão de informação pelos impérios das telecomunicações no Brasil em alguns episódios recentíssimos. Na ausência de um questionamento duro da população, os grandes veículos capitalistas de comunicação que dispõem de grande volume de recursos para manipular a realidade do país seguem buscando exercer pressão nas políticas públicas sem ao menos um único voto e, em grande medida, usurpando e abusando das concessões públicas que ainda possuem direito em nome de interesses de grupos particulares.
Esta atividade criminosa tem sido encoberta há décadas sob o pretexto de “respeito” aos direitos de livre expressão. Por mais nobre que este princípio seja, a liberdade de expressão no Mundo capitalista está sujeita a uma correlação desigual de forças onde o grande Capital dispõe de recursos em abundância para hipertrofiar o seu poder em detrimento da marginalização de toda e qualquer versão alternativa dos fatos. A liberdade de expressão neste contexto, no fim das contas, é a ditadura de expressão daqueles que têm poder econômico sobre aqueles que não têm.
Para além de produzir fake news em escala industrial para defender interesses podres de parasitas financeiros que sustentam a rede por meio de anúncios, a Rede Globo se coloca historicamente como o quarto poder da República, não é a toa que durante o regime militar brasileiro as Organizações Globo se colocavam quase como o “Diário Oficial” do regime assim como outros veículos impressos, radiofônicos e televisivos. As Organizações Globo têm parte fundamental nos crimes cometidos contra a população brasileira naquele período histórico e nunca respondeu por isso no banco dos réus. Estes fatos inclusive são notórios na atualidade tendo sido resgatados pela Historiografia nacional. Na atualidade, para disfarçar seu papel nocivo e criminoso, o Império Globo joga com as aparências democráticas colocando-se como “bastiões da moralidade” para limpar sua barra recheando sua programação de jornalismo e entretenimento com os vários segmentos da sociedade que são historicamente vítimas de segregação. Isso somente após décadas de ter sido o veículo que mais reforçou o racismo estrutural no país a partir de suas telenovelas e que apoiou o Neofascismo no Brasil para derrubar o governo do PT em 2016. A quem querem enganar com tanto cinismo?
A mais recente demonstração da atuação mafiosa da grande imprensa é a campanha caluniadora contra a indicação do economista da UNICAMP Márcio Pochmann para a presidência do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, indicado por Lula neste mês de julho de 2023. Esta campanha que ultrapassa os limites da legalidade institucional e da competência dos veículos de comunicação do país é, na realidade, a confissão de que as redações representam braços do Capital financeiro que, como parasitas, buscam subordinar instituições estratégicas de Estado para impedir o avanço de uma robusta política de investimentos públicos. Para tal, apelam para o mais puro e covarde método de difamação. O objetivo é jogar com a opinião pública contra Pochmann e criar artificialmente uma crise de governo, impondo posições de racha dentro do pacto governamental mediante o frenesi criado com a opinião pública, inocente e alheia a luta que se trava.
Mas além de tudo isso, resta aqui uma dúvida, por que a nomeação de um economista competente com grande titulação acadêmica para o IBGE desperta tanto pânico na imprensa? Será que o IBGE tem sido usado de modo adequado no Brasil em anos recentes? Assim como outras instituições de estado estratégicas no Brasil, existe também a suspeita de que o IBGE estivesse num processo avançado de instrumentalização ideológica por parte dos neoliberais que passaram a impor um conjunto de medidas que enquadram o Brasil num rumo de subdesenvolvimento, desindustrialização e obediência às doutrinas internacionais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, imposições estas que reforçam uma visão de Brasil como alvo de um Neocolonialismo 2.0, um país sem poder de influência e enfraquecido o bastante para integrar o grupo de países emergentes (BRICS), países estes que pela primeira vez no pós II guerra mundial colocam em ameaça os poderes estabelecidos na ordem geopolítica unipolar advogada pelos EUA. Aliás, foi exatamente por este motivo que o Brasil foi alvo de uma verdadeira guerra política e econômica a partir de 2016 com o Golpe de Estado aplicado via “Guerra Híbrida”, fenômeno que também foi visto em inúmeros países estratégicos do Globo terrestre entre 2010 e 2020.
Por trás da campanha difamatória contra Márcio Pochmann há ainda muita sujeira debaixo do tapete e o assunto concessão pública de determinados veículos deve ser um foco de discussão no país. Estes veículos de comunicação criminosos não podem permanecer cometendo crimes contra o país eternamente.