Em uma das áreas mais exclusivas do Lago Sul, em Brasília, casa estava passando uma por ampla reforma, mas as obras pararam após a eleição.
Nos primeiros meses do ano passado, o notório Frederick Wassef comprou uma casa em um condomínio no Setor de Mansões Dom Bosco, uma das mais exclusivas áreas do Lago Sul de Brasília. Pagou, de acordo com os registros oficiais, R$ 3,7 milhões.
Pouco depois, iniciou uma megarreforma no imóvel, construído sobre um terreno de 2,5 mil metros quadrados de área. Para tanto, contratou uma construtora especializada em executar projetos de luxo, que pôs no canteiro de obras algumas dezenas de trabalhadores.
As visitas de Wassef, advogado do então presidente Jair Bolsonaro, e o ritmo frenético da reforma chamavam atenção. Não demorou para o assunto virar febre entre os vizinhos — e também entre os empregados dos vizinhos.
Não faltavam especulações. A principal delas dizia respeito a quem moraria na casa assim que ela ficasse pronta.
Era ano eleitoral, e como o cenário traçado pelas pesquisas apontava para a derrota de Bolsonaro, havia quem achasse que a mansão estava sendo construída para abrigá-lo no período pós-Planalto.
A casa comprada por Wassef era antiga. A reforma iniciada por ele logo após a aquisição milionária pretendia torná-la mais luxuosa, mais ampla e com linhas mais modernas. O projeto incluía, por exemplo, uma área de lazer nova em folha.
Já no final do ano passado, depois que as eleições sacramentaram o fim da era Bolsonaro na Presidência da República, a reforma foi interrompida. O movimento no canteiro, que parecia um formigueiro de tão grande que era o número de trabalhadores, de repente parou.
A obra está estacionada até hoje. Na última quinta-feira, havia apenas um funcionário por lá, fazendo as vezes de vigia.
O mistério em torno da mansão inacabada continua — e as respostas do próprio Frederick Wassef ao ser indagado sobre o tema contribuem para isso.
À coluna, Wassef primeiro negou que a casa seja dele, embora os registros de cartório atestem a propriedade (veja abaixo). “Não. Estão te falando besteira. Eu estou no meio de uma reunião aqui agora, não posso falar, tá bom?”, respondeu.
O registro, em cartório, da compra da propriedade por Frederick Wassef em março de 2022
Depois, em novo contato, o advogado seguiu na mesma toada. “Presta atenção, não vou me manifestar sobre nada. Só te digo: estou sendo vítima de uma grande armação de mais um crime na minha vida”.
Mais tarde, por mensagem, ele deu outra resposta. Desta vez, admitindo ser o dono da propriedade. “Meu cliente Jair Bolsonaro nem sabe da existência deste imóvel, não tem nada a ver com este imóvel, não vai morar neste imóvel. Ali será o meu novo escritório de advocacia”, escreveu.
Wassef disse ainda que as obras foram paralisadas em razão de problemas técnicos.