Monitoramento interno da corte eleitoral não detectou ameaças aos ministros em meio à calmaria dos apoiadores do ex-presidente na internet.
A reação da militância de Jair Bolsonaro nas redes sociais após sua condenação à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta sexta-feira (30) reforça o clima de favas contadas entre seus seguidores quanto ao resultado do julgamento, diz Malu Gaspar, O Globo.
Apesar de algumas manifestações de apoio ao ex-presidente e de outras de revolta contra a decisão da corte eleitoral, os grupos de WhatsApp e Telegram demonstraram pouca atividade no dia decisivo para o futuro político de Bolsonaro.
Em que pese a narrativa de um “golpe contra a democracia” e da repetição de ataques à Justiça Eleitoral, a dinâmica dos grupos se revelou apática. Nem mesmo as primeiras declarações de Bolsonaro no sentido de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) ressoaram entre os apoiadores. Muitos, inclusive, pareceram jogar a toalha.
“Ninguém apareceu na frente do TSE para mostrar apoio. Depois da inelegibilidade, [aí] é que não vão pra rua mesmo. A direita não sabe ser oposição e se acomodou a protestar só no Zap e no Telegram”, desabafou um apoiador de Bolsonaro diante de apelos para que “algo” fosse feito diante da decisão do TSE.
O comportamento contrasta diretamente com outros episódios-chave, como a confirmação da vitória de Lula no segundo turno em 2022 ou a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Além disso, vai na direção contrária ao discurso das lideranças do partido de Bolsonaro, o PL, que sempre afirmaram que uma eventual condenação levaria a manifestações populares a favor do ex-presidente.
Um monitoramento interno do TSE, que acompanha eventuais ameaças à integridade dos ministros do tribunal, também constatou um ambiente de calmaria nas redes bolsonaristas. Fora as postagens rotineiras com críticas e ataques ao tribunal, não surgiu nada que alarmasse o setor de segurança.
Nos grupos do WhatsApp e do Telegram, o tom das postagens era mais próximo da resignação, com menções a um suposto viés antibolsonarista na Justiça Eleitoral e a defesa do legado do ex-presidente.