Cabos eleitorais de luxo
Bolsonaro não se conforma com a inelegibilidade, pena de oito anos que lhe será imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral na próxima semana, ou o mais tardar em agosto. Quem mandou abusar do poder político, atacar a democracia e tramar um golpe?
O partido dele, o PL de Valdemar Costa Neto, esse, sim, parece conformado com a punição. Se lhe paga salário gordo, aluguel de mansão em Brasília e contratou Michelle como garota propaganda, espera uma contrapartida. Natural. E ela está à mesa.
O casal mais poderoso do país nos últimos quatro anos servirá doravante como cabo eleitoral do partido. Um bom ativo para o PL. Só não será melhor do que foi em 2022, quando o PL saiu das urnas como dono da maior bancada de deputados federais.
É para boi dormir a história de que o Supremo Tribunal Federal poderá revogar o que decidirá seu irmão mais moço, o Tribunal Superior Eleitoral. Só o faria caso ocorresse uma escandalosa violação de artigos da Constituição. Não vai ocorrer.
Dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral que julgam Bolsonaro, três são também ministros do Supremo. Conhecem as leis em profundidade, de resto como seus demais colegas de tribunal. A sorte de Bolsonaro é prego batido, ponta virada.
“Se essa injustiça [a cassação de Bolsonaro] acontecer, vai se alastrar um sentimento de revolta muito grande. Isso será traduzido em votos aos candidatos ligados a ele”, diz acreditar Costa Neto, lambendo os beiços e transpirando felicidade.
Passará muita água debaixo da ponte até outubro de 2024, mês das eleições municipais. E mais água até outubro de 2026, mês das eleições gerais, incluindo a de presidente da República. Um líder sem expectativa de poder costuma ser um cabo eleitoral fraco.
*Blog do Noblat