A desigualdade racial nas redações dos principais jornais do país foi pesquisada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A constatação foi de que, em 2021, 84,4% dos profissionais de comunicação dos três maiores jornais impressos do país, Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo, eram brancos.
A pesquisa, que teve colaboração da Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação, indica que os pardos eram 6,1%, seguidos dos pretos 3,4%, amarelos 1,8% e indígenas 0,1%.
Segundo o coordenador do Gemaa, professor João Feres Júnior, estes números são ainda piores quando se tem o recorte de quem trabalha em textos de opinião. Nessa área 90% são brancos. No editorial, 100% eram brancos no Estadão.
“Não tem só uma sub-representação brutal de negros escrevendo nos jornais, mas, também, em termos de espaço de maior poder nos jornais”, disse Feres.
Outra faceta de desigualdade trazida na pesquisa é quanto ao gênero. As mulheres ocupam 36,6% das vagas de profissionais de imprensa nos três veículos, enquanto os homens detêm 59,6% os cargos.
Considerando o perfil de raça e gênero, observa-se nos três jornais que a maioria dos textos é assinada por homens brancos, seguidos de mulheres brancas, enquanto uma pequena parcela envolve homens negros e mulheres negras, nessa ordem – o que denota um problema da invisibilização de grupos sociais na produção das narrativas e informações que levam à formação de opinião.
De acordo com o professor, uma solução para atenuar as diferenças raciais rumo a uma real equidade pode ser a criação de uma política de inclusão que atinja metas, ou estabeleça cotas. “Por exemplo, fixar que, em cinco anos, tenhamos 20% ou 30% de negros”.
* Vermelho