Luis Nassif*
Quem me chama a atenção é o economista Marco Antônio Castelo Branco, do Cedeplar, da Universidade Federal de Minas Gerais: a Eletrobrás está seguindo o caminho da Light, que acaba de pedir recuperação judicial.
Os dados de um ano de privatização são assustadores.
“As despesas com juros consumiram 78% do resultado operacional do 1º trimestre de 2023. O lucro líquido caiu 85% comparado com 1º trimestre de 2022, quando ela era ainda estatal. O lucro operacional em relação à receita subiu de 34% para 43%, mas o resultado financeiro que era +5% da receita virou um déficit – 34% .
Ou seja, a empresa virou uma vaca leiteira do mercado financeiro. E os analistas que cobrem a Eletrobras não falam nada…ficam cegos? ou estão protegendo a gestão privada? E mesmo com uma performance catastrófica como essa, a Diretoria ainda cometeu o absurdo de gastar cerca de R$ 148 milhões (3,7% do resultado operacional) em recompra de ações. A Companhia parece querer repetir o caminho desastroso da Light.
E depois falam que é a ação da AGU quem está fazendo a empresa perder valor de mercado!
O início da tragédia da Light foi o mesmo. Depois de uma privatização para a Andrade Gutierrez, com Aécio Neves envolvendo a Cemig no pacote, caiu nas mãos de Beto Sicupira, da 3G – o grupo que controla a Cemar, no Maranhão, que afundou as Americanas.
O modelo do grupo é o da maximização de resultados. Uma empresa não é um organismo em permanente evolução: é uma vaca leiteira em que todos os resultados devem ser distribuídos e todos os negócios realizados tendo como foco aumentar o lucro dos acionistas.
*GGN