Documentos comprovam que Anderson Torres, então ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar à Bahia, seis dias antes da realização do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, para discutir o apoio da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) visando prejudicar o acesso de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação, segundo o 247.
Torres, que está preso desde 14 de janeiro por suspeita de omissão durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas e de extrema direita invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, prestará depoimento nesta segunda-feira (8) no âmbito do inquérito que apura as ações da PRF que dificultaram o transporte de eleitores em diversos estados do Nordeste.
Segundo a CNN Brasil, “o primeiro documento mostra que Torres pegou o voo da FAB no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, no dia 24 de outubro, às 17h30, e chegou a Salvador duas horas depois. A relação nominal mostra que Torres foi acompanhado do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Lorenzo, do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, de um assessor especial do gabinete e dois agentes da PF”.
Um outro documento trata da reunião entre Torres e o superintendente da PF na Bahia, o delegado Leandro Almada, realizada no dia 25 de outubro, uma terça-feira da semana pré-eleição. Ainda conforme a reportagem, o secretário-executivo do MJ, o diretor-geral da Polícia Federal, e os delegados da PF na Bahia Marcelo Werner e Flávio Marcio Albergaria Silva também teriam participado do encontro.
Na ocasião, “Torres teria pedido apoio da PF nos bloqueios que a Polícia Rodoviária Federal faria no segundo turno das eleições presidenciais. A conversa foi confirmada à reportagem por fontes ligadas à PF e à PRF. A PF na Bahia, no entanto, não participou da ação. Torres e comitiva voltaram para Brasília logo após o encontro, às 16h30, conforme a agenda”.
A viagem de Torres à Bahia aconteceu após um relatório elaborado pela Diretoria de Inteligência do MJ apontar em quais municípios Lula teve mais votos que Bolsonaro no primeiro turno. Segundo a PF, que investiga o caso, o documento teria embasado as ações da PRF que visavam dificultar o acesso de eleitores do petista aos locais de votação.