Neste domingo, 30 de abril, a capa impressa do jornal americano The New York Times exibiu a manchete “Grupo brasileiro ocupa terra não usada por ricos”. Na homepage do site, aparecem os dizeres “Se você não usar sua terra, esses marxistas podem tomá-la”.
O texto da reportagem, escrito pelo correspondente Jack Nicas, conta com fotos de Maria Magdalena Arréllaga, e relata a briga por terras entre os líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e os proprietários que se organizam contra as ocupações.
O jornal cita o MST como talvez “o maior movimento de inspiração marxista do mundo operando dentro de uma democracia e, após 40 anos de ocupações de terra às vezes sangrentas, uma grande força política, social e cultural no Brasil”. Para Alcione Manthay, de 38 anos, líder efetiva de um acampamento, “a ocupação é um processo de luta e confronto. E não há assentamento se não houver ocupação”.
Além de seu relato, o pecuarista Everaldo Santos Melo, de 72 anos, também foi ouvido. Para ele “ninguém quer entrar em guerra, mas também ninguém quer perder sua propriedade. (…) Você defende o que é seu”. O proprietário de uma fazenda de 1.000 acres perto do acampamento de Itabela, na Bahia, lidera um sindicato de fazendeiros locais.
A seguir, alguns trechos traduzidos da matéria original:
“Eles chegaram pouco antes da meia-noite, carregando facões e enxadas, martelos e foices, com planos de tomar as terras. Quando os 200 ativistas e trabalhadores rurais chegaram lá, o rancho estava vazio, coberto de mato e a sede da fazenda vazia, exceto por uma vaca perdida. Agora, três meses depois, é uma vila movimentada. (…) Os irmãos que herdaram o rancho de 370 acres querem que os posseiros desapareçam. Os novos inquilinos dizem que não vão a lugar nenhum”.
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“Sob o ex-presidente de direita do Brasil, Jair Bolsonaro, o movimento perdeu força. As ocupações pararam em grande parte durante a pandemia e depois retornaram lentamente diante da oposição de Bolsonaro e dos fazendeiros que se tornaram mais fortemente armados sob suas políticas de armas mais permissivas”.
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“Mas agora, encorajados pela eleição de Lula, um aliado político de longa data, os seguidores do movimento estão intensificando suas apreensões de terras”.
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*Com DCM