O tempo político está andando muito mais rápido que o tempo econômico. E a área econômica tem que acordar para isso.
A partir de conversas com especialistas na área, vamos a alguns elementos para entender a história dos vídeos de 8 de janeiro, que levaram à demissão do general Gonçalves Dias, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O vídeo exibido pela CNN, mostra o general andando pelo 3º andar do Palácio do Planalto e conduzindo manifestantes para o 2º. andar.
Não há nenhuma dúvida de que foi um vídeo plantado, que a CNN exibiu como se fosse furo de reportagem. A grande questão é: quem vazou?
As explicações do general são verossímeis. Foi até o 3º andar, onde fica o gabinete do Presidente e convenceu os manifestantes a descerem até o 2º andar, onde estava armado o alçapão para prender os invasores.
Os vídeos estavam disponíveis desde o dia 8 de janeiro. Qual a razão de serem divulgados apenas ontem?
Há um conjunto de coincidências, que sugerem uma ação articulada:
- As invasões de escolas, com jovens desequilibrados sendo estimulados a assassinar alunos.
- A convocação do ex-chefe da ABIN, general Augusto Heleno, ex-Ministro do GSI pela Assembléia Distrital do DF..
- A visita de Lula à China e suas declarações de aproximação com China e Rússia.
Para montar o quebra-cabeças, é necessário juntar algumas peças:
- O Ministro do GSI precisa ser um oficial general de última patente, da ativa ou da reserva. E o 02, o vice-Ministro é sempre um general indicado pelo comando do Exército, de acordo com
- uma fila.
Saindo o general Gonçalves Dias – da confiança de Lula – o Exército passa a comandar o GSI. - Não resta dúvida de quem vazou as imagens teve a intenção de colocar o GSI nas mãos do Exército.
O governo tem duas alternativas:
Retirar a medida provisória que está em tramitação para extinguir o GSI. Ou, alterar o decreto lei que define que o GSI precisa ser comandado por um general.
Se for por decreto, é mais fácil. Poderia ser um decreto lei definindo que o comando do GSI ficasse com um oficial general ou um diplomata de último posto, na ativa ou aposentado. Haveria um equilíbrio entre civil e militar. Poderia ser indicado Celso Amorim, por exemplo, como GSI ou Assessor de Segurança Nacional, como é em outros países.
O problema é que a Casa Civil está demorando muito para preparar as propostas legislativas que dividem a estrutura do GSI. O Gabinete cuida da segurança presidencial, do Conselho de Defesa Nacional, de autorizações para pesquisa científica em águas territoriais, acesso a patrimônio genético, programa nuclear, autoridade credenciadora, segurança de infraestrutura críticas, incidentes na rede. Todas essas funções teriam que ser redistribuídas e a Casa Civil ainda não conseguiu fazer o novo desenho.
Tudo isso deixa o governo vulnerável.
Luiz Fernando, o delegado indicado para dirigir a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), por exemplo, está empenhado em ter um diagnóstico do golpe. Mas até hoje não foi sabatinado para assumir o posto. Por isso, não pode assinar nada. A ABIN é uma entidade civil, pois sua força está na diversidade.
Neste momento, é fundamental saber quem vazou os vídeos do GSI e quem estava alimentando os ataques nas escolas, para dividir a atenção das forças de segurança e da própria ABIN.
*Com GGN