Falta combinar com os astros, a justiça, Lula e os eleitores.
Os que defendem Bolsonaro a meia boca ou sob anonimato começam a semear informações sobre seu futuro. E na era das redes onde há espaço para tudo, de querelas entre casais à lacração entre políticos, como ignorar o que dizem porta-vozes informais de um ex-presidente da República às voltas com a justiça?
O futuro a curto prazo de Bolsonaro já não lhes interessa por mais que o julguem inocente. Dão como praticamente certo que, em breve, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o tornará inelegível por 8 anos. Haverá recurso ao Supremo Tribunal Federal, mas ali a decisão do TSE, seja qual for, será confirmada. Game over.
Fazer o quê depois? A cassação dos direitos políticos de Bolsonaro não o impedirá de participar das eleições municipais de 2024. Ele viajará pelo país pedindo votos para candidatos do PL, partido que o abriga e paga suas despesas e as de Michelle, enquanto espera a passagem do tempo. Tudo muda, por que não a justiça?
A justiça não mudou no caso de Lula, preso e condenado na primeira e segunda instância? Quantas vezes o Supremo não alterou seu entendimento sobre a possibilidade de prisão antes de a sentença transitar em julgado? Lula não foi devolvido ao jogo que se fechara para ele? E não conseguiu se eleger pela terceira vez?
A composição dos tribunais mudará até 2026, ano da próxima eleição presidencial. O ministro Alexandre de Moraes, o carrasco de Bolsonaro, já não estará mais na presidência do TSE. Lá estarão os ministros bolsonaristas que o ex-presidente indicou para o Supremo – Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
Lula soube vitimizar-se ao longo dos 580 dias em que esteve preso em Curitiba. Bolsonaro é craque na arte de se vitimizar, e deu provas cabais disso. Lula contou com uma militância que sempre o defendeu e jamais o abandonou. Bolsonaro acredita que os bolsonaristas sempre lhe serão fiéis. Tudo bem então.
Somente uma coisa poderá atrapalhar seu eventual retorno, fora a justiça, naturalmente. A coisa: Lula fazer um governo que deixe saudades. Já fez dois no passado. Bolsonaro não se arriscaria a subir no patíbulo pela segunda vez. Todo esforço, portanto, deve ser feito para que o governo Lula fracasse.
*Do blog do Noblat