A sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados para ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino, foi suspensa após uma confusão entre deputados bolsonaristas e parlamentares da base do governo.
Dino foi à Câmara para prestar esclarecimentos sobre decretos relacionados a armas; falhas na segurança em 8 de janeiro; uma visita sua ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Desde o início a reunião foi pontuada por discussões entre parlamentares e interrupções da fala do ministro. Após quase duas horas de participação na comissão, o ministro resolveu ir embora em meio a uma confusão entre parlamentares que acompanhavam a audiência.
Durante a briga, o deputado Zé Trovão (PL-SC) e o deputado Duarte Junior (PSB-MA) trocaram agressões. Os parlamentares foram contidos pelos policiais legislativos. O deputado Duarte Junior acusou Carla Zambelli (PL-SP) de tê-lo mandado “tomar no cu”. O parlamentar, que é um dos principais aliados de Flávio Dino, afirmou que vai representar contra Zambelli na Comissão de Ética da casa.
Antes da confusão, ainda durante a sessão, o deputado Junio Amaral (PL-MG), defensor da política de armas feita por Bolsonaro, chegou a afirmar que o ministro se portava como “tchutchuca” junto a membros do crime organizado e como ‘tigrão” com os terroristas golpistas de 8 de janeiro.
O ministro Flávio Dino saiu da comissão da Câmara dizendo estar se sentindo ameaçado e pedindo providências ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
— É preciso que o presidente Arthur Lira chame essa gente e consiga fazer com que eles cumpram o regimento. Nessas condições, é impossível vir aqui. (…) Senão será preciso que haja mais policiais do que deputados presentes — disse o ministro da Justiça.
O ministro deixou a comissão sob gritos de “fujão” por parte dos bolsonaristas. Os deputados da base do governo Lula revidaram com “fujão é o Bolsonaro”.
— Além de fazer ameaças é capaz de agredir pessoas aqui. Eles instauram um clima de ódio que é impossível fazer um debate — acrescentou ele. — Enquanto a ordem, o decoro e o regimento não forem respeitados, eu mesmo não estou obrigado a participar desse tipo de cena. Primeiro, em respeito ao povo brasileiro, porque isso custa dinheiro público. Segundo, em respeito ao cargo que eu exerço. Terceiro, em respeito ao Congresso Nacional. Essa gente não entende que essa imagem degrada a imagem da população perante o Congresso Nacional.
*Com informações da FolhaPe