Bolsonaro alegar vexame diplomático no caso das joias é um vexame policial

Bolsonaro alegar vexame diplomático no caso das joias é um vexame policial

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Ao tentar explicar à Polícia Federal a razão da pressão que ele fez sobre auditores da Receita Federal para liberarem um conjunto de joias no valor de R$ 16,5 milhões que seus auxiliares trouxeram muquiado ao Brasil, Jair Bolsonaro diz que tentava evitar um vexame diplomático que viria com um eventual leilão da fortuna dada pela Arábia.

Seria muito bom ter acesso à gravação do interrogatório, desta quarta (5), para checar se Jair conseguiu se segurar ou riu junto dos agentes. Pois um presidente que causou quatro anos de vexames diplomáticos só usa essa justificativa cínica porque vê a si mesmo como inimputável. Para o azar dele, após mais de três décadas com mandato e foro privilegiado, ele não é mais, tendo voltado à planície onde estão os outros mortais sem cargos públicos.

Ao tentar explicar à Polícia Federal a razão da pressão que ele fez sobre auditores da Receita Federal para liberarem um conjunto de joias no valor de R$ 16,5 milhões que seus auxiliares trouxeram muquiado ao Brasil, Jair Bolsonaro diz que tentava evitar um vexame diplomático que viria com um eventual leilão da fortuna dada pela Arábia.

Seria muito bom ter acesso à gravação do interrogatório, desta quarta (5), para checar se Jair conseguiu se segurar ou riu junto dos agentes. Pois um presidente que causou quatro anos de vexames diplomáticos só usa essa justificativa cínica porque vê a si mesmo como inimputável. Para o azar dele, após mais de três décadas com mandato e foro privilegiado, ele não é mais, tendo voltado à planície onde estão os outros mortais sem cargos públicos.

Antes, o Brasil era visto como um país boa praça, sonho de consumo do turismo, ator ambiental global – o que nos ajudou a fazer negócios com o mundo e, às vezes, até a ajudar a resolver conflitos. Ou seja, éramos tratados como gente grande.

Daí vieram quatro anos de vexames diplomáticos – do salto no desmatamento e nas queimadas na Amazônia após Bolsonaro atacar as estruturas de fiscalização, passando pela transformação do país em calamidade durante a pandemia (com direito à defesa na Assembleia Geral da ONU de remédios inúteis contra a covid) até o processo de genocídio de indígenas tratados como estorvo por seu governo.

Tamanhos vexames isolaram o Brasil e, por conseguinte, Jair é que passou a ser visto como inimputável no cenário diplomático internacional.

Sua passagem pela reunião do G20, o grupo das nações mais ricas

do mundo, em Roma, em outubro de 2021, produziu imagens vexaminosas. Ele não teve reuniões com outros mandatários para além de um encontro protocolar com o anfitrião, o presidente italiano. Ficava num cantinho com seus assessores, escanteado, vendo os adultos fazerem política internacional.

A justificativa não deve melhorar a vida de Bolsonaro no inquérito, até porque, além da pressão usando militares e a chefia da Receita para liberar as joias, ele surrupiou outros R$ 1,5 milhão em produtos de luxo. E o argumento já era de certa forma esperado.

Mas será amplamente usado pelos seus seguidores para passar pano no comportamento do “mito”. Dessa forma, eles que gostam de dizer que petistas têm bandido de estimação, vão poder lustrar a imagem do seu.

*Leonardo Sakamoto/Uol

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