Ex-juiz da Lava Jato é acusado de envolvimento em esquema de extorsão. O agora senador quer que caso seja remetido ao TRF-4, onde tem histórico de decisões “favoráveis”
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu ao juiz Eduardo Fernando Appio que reconsidere a decisão que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) as denúncias de “extorsão” e “perseguição” feitas nesta segunda-feira (27) pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra o próprio ex-juiz da Lava Jato e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador da operação.
Em petição nesta terça (28), assinada pelo advogado Luis Felipe Cunha, seu primeiro suplente no Senado, Sergio Moro considerou a decisão do magistrado “equivocada”. Segundo o parlamentar, o caso só poderia ser remetido ao STF “se o ato praticado no exercício da função e enquanto perdurar o exercício do cargo”. Ele argumenta, no entanto, que a extorsão apresentada por Tacla Duran não teria sido praticada no exercício de seu mandato parlamentar. Mas sim durante sua atuação como juiz. O que também vale para Dallagnol, na época procurador da República.
Moro ainda sugeriu ao magistrado, que hoje ocupa o mesmo posto do senador na 13ª Vara Federal de Curitiba, que se abstenha de praticar novos atos nesse e em outros inquéritos que ainda tramitam na vara relacionados à Operação Lava Jato. Segundo Moro, Appio não pode proferir novas decisões antes de decidir sobre um pedido de suspeição formulado pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele questiona a imparcialidade do atual juiz. Para o senador, caso Appio rejeite a exceção de suspeição, o pedido deve ser remetido ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Na corte, no entanto, 8ª Turma é conhecida pelo histórico de decisões favoráveis a Moro.
Entenda o caso
Nesta segunda, Tacla Duran, que representava a empreiteira Odebrecht, prestou novo depoimento em que reafirmou ser vítima de extorsão e perseguição por parte de Dallagnol e procuradores da Lava Jato. O processo de perseguição, disse ele, segue até hoje. Tacla Duran também apresentou vídeos e fotos que comprovariam a extorsão praticada por um grupo de advogados ligados a Moro e ao deputado federal.
*Com RBA