Desligamento de advogado ligado a Flávio Bolsonaro deixou aliados da família em alerta em Brasília.
De acordo com Malu Gaspar, O Globo, o desligamento do advogado que defendia o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso em Brasília desde janeiro por suspeita de envolvimento nos atos golpistas, colocou em alerta aliados de Jair Bolsonaro, preocupados com a possibilidade de ele fazer delação premiada ou algum gesto que prejudique o ex-presidente na Justiça.
A saída de Rodrigo Roca, que atuou como advogado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas, foi o último movimento de um cabo de guerra que vem acontecendo nos bastidores desde o início de março, quando o ex-ministro dispensou seu outro advogado, Demóstenes Torres, e seu time.
Na época, Demóstenes disse a interlocutores que deixou o caso por divergências em relação à estratégia de defesa. Ex-senador e procurador do Ministério Público de Goiás, Demóstenes era contra apostar no discurso bolsonarista de enfrentamento ao Supremo e preferia adotar uma postura mais diplomática e conciliatória para tentar convencer Moraes a recuar da prisão de Torres.
Naqueles mesmos dias, a mulher de Anderson Torres, Flávia Sampaio Torres, fez várias visitas a gabinetes de magistrados em Brasília, procurando uma forma de ser recebida por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que comanda os inquéritos dos atos de 8 de janeiro e o das milícias digitais.
Segundo ela afirmou nessas conversas fechadas, o ex-ministro está com depressão e se sentindo abandonado, um relato confirmado por outras pessoas que mantiveram contato com Torres ao longo das últimas semanas.
Alguns bolsonaristas com bom trânsito em Brasília tentaram ajudá-la, preocupados que o nervosismo de Torres pudesse por tudo a perder. Mas até agora não consta que as iniciativas da mulher do ex-ministro tenham comovido o ministro Alexandre de Moraes.
“A prisão de Torres é o símbolo do bolsonarismo atrás das grades, enquanto o ex-presidente está solto. Para tirá-lo da cadeia, é preciso revirar toda uma narrativa”, avalia um interlocutor do ex-ministro.