Em depoimento à Câmara Legislativa do DF, nesta quinta (16), Jorge Eduardo Naime disse que chegou a ser impedido de deter bolsonaristas radicais. G1 aguarda resposta do Exército.
O coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime disse, em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta quinta-feira (16), que o Exército dificultou a prisão dos bolsonaristas radicais que invadiram as sedes dos três poderes da República no dia 8 de janeiro, em Brasília.
O coronel afirmou aos deputados distritais que estava de licença no dia dos ataques, mas que foi convocado para participar da remoção dos golpistas da Esplanada dos Ministérios. No entanto, de acordo com ele, militares do Exército dificultaram a ação da PM e chegaram a tentar impedir a corporação de entrar nos prédios invadidos.
O g1 entrou em contato com o Exército Brasileiro, mas não obteve retorno até a última atualização desta publicação.
Naime afirmou também que, após a contenção dos terroristas, ele seguiu para o acampamento em frente ao QG do Exército, mas que foi impedido pelos militares do Exército de prender os suspeitos.
“Tinha uma linha de choque do Exército com blindados. Eles não estavam voltados para o acampamento, mas sim para a PM”, disse o coronel da PMDF.
De acordo com Naime, a situação só se acalmou após uma reunião entre coronéis da PM, o ex-interventor federal Ricardo Cappelli e o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto. Segundo Naime, ele apenas recebeu ordem de manter o policiamento na Esplanada e mobilizar tropas para remover o acampamento na manhã do dia 9 de fevereiro.
Naime chefiava o Departamento Operacional da PMDF durante os ataques terroristas na capital federal. O militar, está preso desde o dia 7 de fevereiro, após ser alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), que investiga a omissão de militares no enfrentamento aos vândalos e a suspeita de colaboração com os atos de terrorismo.
Situação nos acampamentos bolsonaristas
O coronel da PM afirmou ainda que participou de duas reuniões com o Exército para remover os acampamentos localizados em frente ao QG, em Brasília. No entanto, os planejamentos não foram adiante.
Segundos Naime, os militares já tinham informações sobre atividades irregulares dentro do acampamento, como comércio ilegal de barracas e uma “máfia do PIX”, que pedia dinheiro de várias lideranças para manter o acampamento. Além disso, ele afirmou que o acampamento era financiado, mas não respondeu por quem.
*G1