O que é a sobrevivência política quando se trata de dois patifes?
A atitude de Moro e Dallagnol de não abrirem o bico sobre o escândalo de corrupção envolvendo o clã Bolsonaro no caso da Arábia Saudita, é refulgente.
Sergio Moro disse, em um PodCast, que está cauteloso para falar do assunto porque não estudou o caso. O mesmo Moro foi pego numa mentira quando disse a Bial não se lembrar de nenhuma biografia que, momentos antes, afirmou ter lido, já que era sua preferência de leitura.
O fato é que o homem ficou nu e ridicularizado pela própria língua.
Agora, que anda farejando “histórias de corrupção” para montar um discurso bolsonarista contra a corrupção, imagina isso, Moro foi seduzido pelo silêncio na hora de encher a boca para dizer que seu ex-patrão é um corrupto contumaz.
Aliás, logo após o pé no traseiro, dado por Bolsonaro, Moro ensaiou umas palavras contra ele, mas ficou ali sozinho na beira da linha, gesticulando e falando para o nada.
Hoje, enfeitado de senador combatente da corrupção, Moro poderia entrar com bola e tudo e chutar Bolsonaro sem qualquer piedade. Mas o que vimos é que ele seguiu à risca a ideia de se filiar ao bolsonarismo para pegar a xepa política do propineiro da Arábia.
Não é preciso ser astrólogo para saber que, se Moro se comporta assim, Dallagnol concorda inteiramente com ele, como sempre, e dá aquelas puxadelas de saco do chefe e, de lambuja, dorme abraçado com alguns bolsonaristas.
Ou seja, a própria palavra silêncio traz uma larga expressão de quem usa os velhos truques maquiavélicos, “aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei”.
Em bom português, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, com suas eternas incoerências, portam-se como manequins das joias da “Michelle”.