De quem é a culpa pelos Bolsonaro terem chegado onde chegaram

De quem é a culpa pelos Bolsonaro terem chegado onde chegaram

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Foi ao ar na televisão o novo capítulo do escândalo das joias contrabandeadas.

Teria sido tão simples liberar o estojo de joias mandado pelo governo Saudita para a ex-primeira-dama Michelle. O agente da alfândega em Guarulhos ensinou: basta comunicar às autoridades da Receita Federal em Brasília e à Presidência da República.

Tratando-se de um presente oficial de um governo para o outro, nem multa seria cobrada. Mas por que não foi assim? Porque as joias seriam incorporadas ao patrimônio do Estado. Michelle poderia usá-las, mas não ficar com elas para sempre.

Esse não era o plano de Bolsonaro quando soube que o estojo fora apreendido por não ter sido declarado. Queria apossar-se dele por seu valor – R$ 16, 5 milhões. Muito dinheiro. Nem à mulher ele informou a respeito. Bem, é o que Michelle diz. Difícil acreditar.

Um segundo estojo com joias para Bolsonaro no valor de R$ 400 mil entrou ilegalmente no país. Estava na bagagem de outro acompanhante do almirante Bento Albuquerque, ministro das Minas e Energia, que se prestou ao papel de mula.

O estojo de Bolsonaro escapou à vigilância da alfândega. E Albuquerque, embora tenha tido oportunidade, nada contou ao agente da Receita que cumpria a lei. Também não teria contado sobre as joias de Michelle se elas não tivessem sido descobertas.

É uma dedução lógica. O que só reforça a convicção dos que acham que o Brasil foi governado nos últimos quatros anos por uma gente sem escrúpulos, sem princípios, interessada em tirar vantagem em tudo, nojenta. Uma gentalha. Do ex-presidente para baixo.

Todos. O almirante que terceirizou o contrabando para se poupar; seus acompanhantes que se dispuseram a transportar as joias nas malas; o Secretário da Receita Federal que se empenhou em liberá-las; assim como um tenente-coronel e um sargento da Marinha.

Espantoso? Não. Antes do seu marido abandonar o país e refugiar-se nos Estados Unidos, Michelle ordenou a um jardineiro que recolhesse as moedas jogadas pelos turistas no lago do Palácio da Alvorada. Uma vez que o episódio se tornou público…

Vieram então com a história de que as moedas – no valor total de R$ 2.213,55 – foram entregues a uma instituição de caridade. Providenciou-se até recibo. Essa gente ser como é, é problema dela. Essa gente ter chegado onde chegou, é problema nosso.

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