Juba Maria*
Segundo uma fonte do governo ligada ao presidente Lula, os nomes indicados pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), para compor o Conselho de Administração da Petrobras são consideradas corretas do ponto de vista político, apesar das críticas internas do PT à indicação, pelo Centrão, de nomes ligados ao mercado.
Para alguns, as indicações poderiam impedir a mudança na política de preços da estatal. Isso não significa, no entanto, que os nomes serão necessariamente aprovados. A decisão agora cabe à Petrobras.
O centrão havia conseguido colocar na lista o nome de ao menos quatro aliados. Nesta quarta-feira, 1º de março, no entanto, Silveira substituiu a indicação de Wagner Granja Victer para integrar o conselho e indicou o economista Bruno Moretti.
Desta forma, além de Moretti, Jean Paul Terra Prates, presidente da Petrobras, Carlos Eduardo Turchetto Santos, Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira e Vitor Eduardo de Almeida Saback permaneceram na lista final de indicações do ministério.
Sergio Machado Rezende e Suzana Kahn Ribeiro também foram indicados a partir de uma lista de conselheiros independentes, totalizando oito indicações do governo.
Em nota, a Petrobras comentou a mudança na lista. Segundo a estatal, a última substituição, assim como os demais nomes, serão submetidos aos procedimentos de governança interna da empresa, “para a análise dos requisitos legais e de gestão e integridade e posterior manifestação do Comitê de Pessoas”, informou.
As indicações de Silveira acabaram gerando incômodo no PT, que também havia indicado nomes como o economista Eduardo Moreira. Além de Moreira, o empresário Josué Gomes da Silva, atual presidente da Fiesp, chegou a ser cogitado para integrar a cota do governo no conselho.
Em comunicado, a Federação Única dos Petroleiros, FUP, fortemente vinculada ao PT, chegou a se manifestar, deixando evidente o descontentamento da entidade com a indicação de “nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações” e que poderiam impor “obstáculos para o cumprimento de programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobras e fim das privatizações na companhia”.
No comunicado, a entidade chegou a detalhar as razões pelas quais os nomes indicados deveriam ser barrados pelo governo: “Eduardo Turchetto, empresário do setor de açúcar e álcool, responde a processo relacionado à destruição de floresta, com corte de árvores no bioma da Mata Atlântica, em Minas Gerais, “sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes ou contrariando normas legais de regulamentos pertinentes”, como escrito na ação.
Vitor Sabak, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), onde está hoje por indicação do senador bolsonarista Rogério Marinho, foi assessor especial de Paulo Guedes e articulador da reforma da Previdência. No governo Temer, trabalhou no Palácio do Planalto, como assessor de Relações Parlamentares, responsável pelas articulações com o Congresso.
Eugênio Teixeira foi sócio do vice-governador de Minas Gerais e ex-senador Cléssio Andrade – vacinado contra covid-19 gratuitamente e às escondidas, numa garagem -, na empresa Aurium Trading Importação e Exportação S/A”, informou.
*Com DCM