Na última sexta-feira, dia 24, o Exército divulgou o processo disciplinar instaurado contra o ex-ministro da Saúde e agora deputado federal, o general Eduardo Pazuello (PL-RJ), que foi arquivado pelo Exército. Segundo os documentos divulgados, o comandante do Exército da época, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, já havia sido avisado pelo próprio Pazuello de que ele iria à “motociata” no Rio de Janeiro, a convite de Bolsonaro, e por isso o processo foi arquivado.
É compreensível que o ex-general tenha feito isso! Se em 2018, o então comandante do exército, o general Eduardo Villas Bôas, pôde fazer uma série de tweets ameaçando o Supremo Tribunal Federal, o que impediria Pazuello de poder subir num palanque ao lado de Bolsonaro?!
E ainda vou além! Lula fez da liberação do processo de Pazuello uma proposta de campanha. Eleito, cumpriu a promessa. Louvável! Mas não sem antes colocar como comandante do Exército o general Tomás Paiva, que em 2014 permitiu que Jair Bolsonaro pudesse fazer campanha dentro da AMAN e que esteve ativamente envolvido na infame redação dos tweets de Villas Bôas. Tudo isso com as bênçãos de José Múcio Monteiro, Ministro da Defesa e da Anistia.
O histórico do Brasil com seus militares é horrível, começando com a anistia de 88 e piorando nos anos seguintes. Ao longo dos últimos 30 anos, não faltam episódios em que os militares atravessaram a rua para tumultuar o país ou ameaçar a sociedade civil, sem qualquer punição. E o que dizer das pencas de militares que usam suas patentes nas redes sociais para falar de política ou então disputar eleições?!
Ainda hoje, mesmo depois do descalabro de Jair Bolsonaro, parece que a democracia brasileira se vê ainda mais distante de se livrar da ameaça verde-oliva. Infelizmente, Pazuello não foi o primeiro, tampouco será o último. Graças ao nosso péssimo histórico, é possível dizer sem medo de errar que a manifestação de Pazuello é permitida sim pela cúpula das forças armadas que, ao longo dos anos, trabalhou de maneira árdua num projeto de poder.
Falhamos profundamente como democracia quando nos deparamos com “generais”, “tenentes”, “capitães” e tantas outras designações hierárquicas ao digitarmos certos números nas urnas.