Chuva recorde deixa 19 mortos, interdita estradas e põe cidade em estado de calamidade no litoral norte de SP

Chuva recorde deixa 19 mortos, interdita estradas e põe cidade em estado de calamidade no litoral norte de SP

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Em São Sebastião, prefeito diz que há muitas vítimas sob escombros de casas que desmoronaram.

As fortes chuvas que atingem o litoral norte de São Paulo desde sábado (18) deixaram um rastro de destruição e mortes. De acordo com a Defesa Civil do estado, 19 mortes já foram confirmadas. Há também 228 pessoas desalojadas e 338 desabrigadas.

Uma criança de 7 anos morreu em um deslizamento de terra em Ubatuba, uma mulher de 40 anos e um bebê de 9 meses morreram em São Sebastião, que decretou estado de calamidade pública neste domingo (19).

De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.

O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Assim, no caso em que o volume de chuva registrado é de 600 mm, significa que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado.

O Corpo de Bombeiros informou que recebeu um número recorde de chamadas para socorro –só para São Sebastião foram 481 solicitações. A Defesa Civil alertou para que evitem se deslocar para o litoral norte em razão da quantidade de interdições nas estradas.

A chuva também impactou o fornecimento de água. Segundo o governo do estado, algumas estações de tratamento foram afetadas pela enxurrada, que arrastou troncos, pedras e muita lama, e técnicos da Sabesp tentam desde a madrugada restabelecer o serviço. Caminhões-pipa estão disponíveis para hospitais e áreas mais afetadas. A recomendação é que as pessoas economizem água.

Ubatuba

Durante a madrugada, um deslizamento de terra fez com que uma pedra atingisse uma casa na rua Benedito Alves da Silva, no bairro Estufa, em Ubatuba (220 km de SP). Uma criança de sete anos que estava no imóvel morreu na hora, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

A cidade registrou 335 mm de chuva, segundo a Defesa Civil.

São Sebastião

A Prefeitura de São Sebastião (197 km de SP) decretou estado de calamidade pública após as fortes chuvas causarem deslizamentos de terra em diversas áreas do município. Até as 15h, a prefeitura e os Bombeiros contabilizavam duas mortes na cidade. A programação do Carnaval foi cancelada.

Segundo a prefeitura, Fabiana de Freitas Sá, 40, coordenadora do Programa Criança Feliz, projeto do Governo Federal, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, morreu após a casa em que morava, na estrada da Maquinha, em Boiçucanga, desabar.

Já o Corpo de Bombeiros confirmou a morte de um bebê de nove meses em Camburi.

À Folha, o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), disse que não é possível chegar à cidade por nenhuma estrada, pois todas estão interditadas. Segundo ele, a região mais afetada é a Vila do Sahy.

“Diversas casas desmoronaram, muitas pessoas ainda estão debaixo dos escombros. As equipes de busca e salvamento não estão conseguindo acessar diversos locais. A situação é muito caótica”, disse Augusto em transmissão ao vivo nas redes sociais.

A Prefeitura de São Sebastião abriu escolas para receber famílias desabrigadas. Em locais mais afetados, como a travessa Antônio Tenório, no Itatinga, moradores estão sendo removidos e encaminhados para esses abrigos.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acompanhado do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Henguel Ricardo Pereira, está na região e afirmou que a prioridade é liberar as vias para que o socorro consiga chegar.

Serão usados helicópteros das Forças Armadas e da Polícia Militar no resgate, e os feridos serão transferidos para hospitais de Caraguatatuba e de São Paulo. Um comitê para gerenciar as ações de atendimento aos desalojados e desabrigados foi montado.

Bertioga

Bertioga foi a cidade que registrou o maior volume de chuvas. Segundo a Defesa Civil, foram 687 mm nas últimas 24 horas. Há diversos pontos de alagamentos, inclusive na Riviera de São Lourenço, bairro de alto padrão.

Em imagens publicadas nas redes sociais é possível ver um homem enfrentando a enchente com água na altura das coxas na região da praia de Guaratuba.

*Com Folha

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