Em editorial sobre o 8 de janeiro em Brasília, a Folha defende o óbvio. Que todos os envolvidos sejam punidos, incluindo os militares. E faz restrições à prisão preventiva dos que continuam na Papuda.
“Não que a prisão preventiva deva ser descartada. Decerto há um núcleo de golpistas mais perigosos que precisam ficar longe das ruas. São os principais financiadores, os reincidentes, os violentos. E, claro, os líderes”.
O argumento está correto e é previsível. Nem todos devem ficar na Papuda, como se já tivessem sido condenados e como Sergio Moro fazia em Curitiba.
Mas os exemplos citados são furados. A Folha defende que fiquem presos os principais financiadores, os reincidentes, os violentos e os líderes.
Muitos desses citados não podem ficar na Papuda, porque não estão lá, nunca estiveram. Os principais financiadores e os líderes estão soltos.
Financiadores milionários da extrema direita, investigados em inquéritos do Supremo desde 2019, estão em liberdade.
A Folha não sabe que os principais financiadores estão soltos e impunes. E os que os líderes também estão soltos e impunes.
Os líderes não são os donos de frotas de ônibus velhos de Goiás. Nem os donos de biroscas. Os principais financiadores do golpe e os líderes estão rindo do editorial da Folha.
Incitadores do golpe, gente poderosa que participava de grupos de tios do zap e fez pregações exaltadas em restaurantes de beira de estrada, esses estão às gargalhadas lendo o editorial da Folha.
Eles atacaram Alexandre de Moraes desde antes da eleição, depois da eleição e até recentemente. Alguns só saltaram fora quando o golpe não deu certo. Precisam salvar os próprios negócios, antes de salvar a pele.
O que a Folha precisa fazer é saber da vida desses golpistas grandões. Sabemos da vida de Bolsonaro, dos filhos deles, dos militares e dos políticos do entorno.
Mas pouco sabemos da vida de grandes golpistas que estão na moita e são protegidos pela grande imprensa. Ao trabalho, Folha de S. Paulo.
É preciso mostrar onde estão e o que fazem os grandes financiadores do golpe fracassado de 8 de janeiro, que continuam soltos, mesmo que estejam muito quietos.
*Publicado originalmente no “Blog do Moisés Mendes”