Marco Aurélio de Carvalho, do Prerrogativas, diz que declaração de presidente do PL é ‘constrangedora’
O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, classificou como “constrangedora” a declaração do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de que existiam propostas de decretos golpistas “na casa de todo mundo”.
“Ao que parece não só o ex-ministro da Justiça Anderson Torres é responsável, direta ou indiretamente, pelos ataques à democracia no país. Há também outros atores coadjuvantes ou protagonistas cujas condutas precisam ser melhor esclarecidas”, diz Marco Aurélio à coluna.
O advogado, que é ligado ao presidente Lula (PT), defende que Costa Neto seja incluído nas investigações.
No dia 10 de janeiro, a Polícia Federal encontrou na residência de Torres uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O objetivo, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição, em que Lula saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional.
Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta (27), Costa Neto disse que propostas semelhantes circularam no entorno do ex-presidente. “Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo.” O presidente do PL acrescentou que Bolsonaro “não quis fazer nada fora da lei”.
“A declaração [de Costa Neto] é muito constrangedora e tem que provocar um processo rígido de investigação. Ele não só não ajudou o Anderson Torres, como acabou, na verdade, se colocando nas cenas do crime que atentaram contra a democracia, contra o Estado de Direito, contra a independência dos poderes”, afirma Marco Aurélio de Carvalho.
“Ele comprometeu também o próprio Bolsonaro ao reforçar a gravidade do episódio”, completa.
*Mônica Bergamo/Folha