Grupo no Telegram que convocou caravanas para ato terrorista volta a falar em atos, mas “sem montar acampamentos”. Na Suíça, Haddad não descartou nova ação: “células que se organizam muito rapidamente”.
Passados exatos 10 dias após o desencadeamento dos atos terroristas que destruíram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF), apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) voltaram a colocar em pauta uma retomada das manifestações golpistas nas ruas em grupos de aplicativos de trocas de mensagens.
Nesta quarta-feira (18), um áudio começou a circular no grupo Selva Bunker 22, onde foram organizadas as caravanas que partiram rumo à Brasília para a ação terrorista, dizendo que “oficiais da ativa pedem que o povo voltem (SIC) as ruas com urgência”.
A mensagem apócrifa diz que houve uma reunião “séria com pessoas sérias” e cita uma suposta carta enviada por um militar da ativa à jornalista Cristina Graeml, que trabalhou na Jovem Pan e agora atua como comentarista na Revista Oeste – de viés bolsonarista, que vem absorvendo quadros demitidos na rede de rádios.
“O que o oficial falou para ela: que eles estão pressionando sim os generais para atender o clamor popular. Então nós temos oficiais da ativa, de coronel para baixo, pressionando os generais para atender o clamor popular. Isso é uma fagulha de esperança que surge para a gente”, diz o homem no áudio.
Bolsonaristas citam carta de militares à ex-Jovem Pan e planejam "volta às ruas"
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— Revista Fórum (@revistaforum) January 18, 2023
“Segunda coisa, o que nos foi pedido por esses senhores que estão ai na ativa ou na reserva é que nós voltemos às ruas aos milhões e diariamente. Sem montar acampamento. Como fazer isso? Nós temos que dar um jeito”, emenda.
A proposta já cooptou parte do grupo, que se motivou a voltar às ruas. “Já que os caminhoneiros e o agro não pararam vamos voltar com as manifestações pq se ainda temos constituição é direito do povo manifestar-se”, escreve Marcia em resposta ao áudio.
“Isso que penso voltar para as portas dos quartéis com faixas de intervenção militar, pq os únicos que podem ajudar são as forças armadas”, emendou, abrindo um debate sobre a possibilidade de novos atos nas ruas.
Fernando Haddad
Em palestra em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não descartou a ocorrência de novos atos terroristas, embora tenha ressaltado que isso não é razão para preocupações com a democracia brasileira.
“Acredito que há possibilidade de surpresas aí, porque são células que se organizam muito rapidamente e com um princípio estabelecido pela narrativa do ex-presidente, que despertou paixões irreconciliáveis com a democracia”, disse Haddad.
No último dia 15, suplente de deputado estadual Luiz Beck (Republicanos-RS) fez uma publicação incitando novos atos golpistas “quando Naro Naro voltar ao país”, em referência ao retorno do ex-presidente, que fugiu para os Estados Unidos para não transmitir o cargo a Lula.
“Algo me diz que quando NARO NARO voltar ao País, o povo vai INVADIR as ruas novamente”, escreveu.
*Com Forum