Flávio Dino, em entrevista ao Uol, repudiou os xingamentos contra o ministro do STF Luís Roberto Barroso, chamado de “ladrão” por grupo enquanto passava pelo guichê no aeroporto de Miami, ontem.
A pessoa não pode ser caluniada, difama e injuriada, tampouco essa pessoa pode ser constrangida como, por exemplo, a entrar no avião. As pessoas queriam impedir que ele embarcasse, ele é um cidadão, comprou a passagem e tem direito de voar. Precisamos pôr fim de que vale tudo porque a pessoa está em espaço público. Nós não teremos mais Ministério da Justiça ou Polícia Federal cúmplices de criminoso, qualquer seja o tipo de crime.”
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ouvir as pessoas gritando “sai do voo” para Barroso e vaiando o ministro. Ele não reage às provocações, conforme mostram as imagens.
O ministro da Justiça também comentou as decisões tomadas pelo recém-iniciado governo Lula. Em seu primeiro ato como presidente, Lula reduziu o acesso às armas, amplamente facilitado no comando do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No UOL Entrevista, Dino afirmou que a operação da Polícia Federal para apreender armas da deputada Carla Zambelli exemplifica bem o “caos” das armas no Brasil. A ação do STF (Supremo Tribunal Federal) contra a parlamentar ocorre após Zambelli ameaçar e perseguir de arma em punho um homem negro em 29 de outubro, véspera do segundo turno, pelas ruas de São Paulo.
Infelizmente não é episodio isolado, esse fato da parlamentar é revelador do caos que havia, e enfrentamos, sobre a temática das armas no Brasil. As armas não podem ser vulgarizadas, quando usadas indevidamente causam danos profundos, gravíssimos e até irreversíveis. Nesse caso, de abuso, não houveram as consequências máximas, mas o sistema de Justiça deve agir.”
Sobre a operação da PF, Dino confirmou que recebeu informações de que havia outras armas no local, mas não especificou de qual tipo ou quantas. O ministro também comentou sobre a relação de Bolsonaro com as armas.
Era uma de suas bandeiras políticas principais, na ausência de outras, que o armamentismo iria levar a sociedade a caminhos melhores e esse episódio, e outros tantos em lares, escolas, e trânsito, mostram que essa política é um absurdo e uma das heranças mais hediondas.”
“Acabou a era da irresponsabilidade no controle de armas; só nas mãos certas”
O decreto de Lula a favor do controle de armas é um sinal de que é o fim “da era irresponsável” do Brasil no tema, segundo Dino.
Essa foi a mensagem aprovada nas urnas e é a mensagem que estamos veiculando: armas nas mãos certas e não armas para cometimento de crimes e ameaças, não podemos ter uma sociedade baseada no ódio.”
O ministro reforçou que o combate às armas afetará também os traficantes e criminosos, mas “quem tem que prestar contas sobre isso é quem permitiu levar armas e munições para quadrilhas, não somos nós no segundo dia de mandato”