O fascismo tropical só se sustenta e de forma residual com o apoio da mídia

O fascismo tropical só se sustenta e de forma residual com o apoio da mídia

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Uma pergunta que sempre se deve fazer nesse momento, como chegamos a isso?

Esta pergunta se destina à ascensão e queda de Bolsonaro, assim como a prisão política e glória de Lula.

Bolsonaro não é em si a referência principal de um processo que desembocou nessa coisa inominável que foram os seus quatro anos de comando da nação, ladeado a uma junta militar palaciana que sonhava em nos devolver ao século passado, mais precisamente a 1964, quando o império midiático não tem mais sombra do poder que tinha naquela época.

Assim, a mídia segue como um grande poder, mas não manda mais em nada.

Bolsonaro surgiu num daqueles momentos em que a direita tradicional, para produzir dois golpes, em Dilma e em Lula, acabou por pagar o preço amargo da implosão, ficando aquém de uma personalidade medíocre até para o baixo clero, como é o caso de Bolsonaro.

Ou seja, Bolsonaro é fruto e não a semente do fascismo no Brasil, semente esta que teve como vítima primeira os próprios criadores.

Ainda assim, isso levou quase duas décadas de uma campanha doentia na mídia contra o PT, com miras apontadas para Lula e Dilma.

Todo esse processo sintetiza, de forma fidedigna, a herança escravocrata brasileira em que os barões da casa grande da atualidade enxergam nos trabalhadores, escravos, e no Partido dos Trabalhadores, uma insurreição que merece ser punida com os piores castigos de uma colônia escravocrata.

Isso dá conta de como a classe dominante brasileira, herdeira dessa mentalidade, não saiu dos anos oitocentistas.

De forma objetiva, a pergunta que anda sendo feita nos quatro cantos do país, é se o bolsonarismo, que foi criado por uma cúpula fascista de cunho militarista, com ramificações na milícia e congêneres, conduziu uma massa de zumbis vinda da direita tradicional e catequizada pela mídia industrial.

Existem pormenores fáceis de identificação para explicar o nível de indigência intelectual dessa gente em que se sobressaem pessoas da classe média e alta.

O fato concreto é que a saída de Bolsonaro do governo, de maneira tão humilhante, não dá procuração para a direita brasileira se aventurar numa substituição automática do mito de barro.

As referências que esses zumbis têm da direita são as piores possíveis. A própria mídia está muito desgastada, sem falar que hoje não goza mais da força que gozava duas ou três décadas atrás.

Ainda são desconhecidos os rumos que tomará a direita no Brasil, quais serão suas referências e literatura voltada a seu papel tradicional.

Na verdade, a direita ficou viciada em dar golpes, acomodando-se de maneira inacreditável, ao passo que a esquerda, ao contrário do que se diz, mantém acesa a chama simbólica que foi derradeira para decidir o reencontro de Lula com a cadeira da presidência.

O que se pode dizer com isso é que a sociedade caminhou muito mais no sentido proposto pelos governos Lula e Dilma do que os caminhos golpistas propostos pela nostálgica direita brasileira.

Por isso a direita tradicional terá um gigantesco trabalho pela frente, enquanto esse grupo militaresco que orbita em torno de Bolsonaro, terá cada vez menos ambiente institucional para impor seu molde fascista num mundo cada vez mais globalizado e, consequentemente, mais vigiado pela população global, que tem atitudes cada vez mais repulsivas contra ditadores e fascistas.

Daí que poderemos ouvir alguns ruídos do bolsonarismo daqui por diante, mas aqueles chiqueirinhos jamais voltarão à cena central da política nacional, até porque a mídia já entendeu que esse caminho só trará tragédias como a do governo Bolsonaro que, com certeza, deixará uma fatura pesada para toda a direita pagar.

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