A cara do Exército não é Rex Nazareth, mas Pazuello e todos aqueles militares de baixíssimo nível que avalizaram o governo Bolsonaro.
Luis Nassif – “Atualmente, a única força armada a contar com drones é a Força Aérea Brasileira, que conta com as aeronaves israelenses RQ-450 e RQ-900, as quais são de grande porte, operando a partir de pistas de aeroportos e bases aéreas tradicionais. Porém, o Exército também avança nessa área, que se provou ser de extrema importância e decisiva nos conflitos recentes na Eurásia, seja como ferramenta ofensiva ou de vigilância”.
É curiosa essa história. Ainda nos anos 80, uma revista da Abril me pediu um frila sobre o acordo nuclear. Fui ao Departamento de Documentação do Estadão (na época trabalhava no Jornal da Tarde) e fucei uma montanha de artigos e documentos. Havia declarações de cientistas da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a turma do físico José Goldenberg, defensora do método de água pesada para enriquecimento da urânio, físicos da USP, UFRJ.
Dentre todos, o que mais chamou minha atenção foi Rex Nazareth. Eram as entrevistas mais consistentes de quem, tempos depois, se soube ter sido o pai do programa nuclear brasileiro, seguido pelo Almirante Othon.
Guardei o nome e, já na Folha, soube que ele tinha assumido a diretoria do Instituto Militar de Engenharia. Tratei de ir atrás dele, para saber o que estava fazendo.
Fui bater na Praia Vermelha, onde ficava o IME. Lá, conversei longamente com Nazareth, um cientista inteiramente envolvido com seu trabalho e não sabendo como dar utilidade ao que fazia.
Seu orgulho maior era o desenvolvimento de drones, em tempos em que não se falava no drone como arma de guerra. Também havia desenvolvido sensores para prever movimentos estranhos em rios (muito úteis na Amazonia) ou escavações em presídios.
Mas não sabia a quem recorrer. Pediu que eu contasse para alguém do Ministério da Justiça. Mas e os drones? O desenvolvimento era do IME, do Instituto Militar de Engenharia, o centro de pesquisas e inovações do exército brasileiro.
Comprova que, com algumas exceções, como o próprio Rex, falta governança nas Forças Armadas, especialmente no Exército. A cara do Exército não é Rex Nazareth, mas Pazuello e todos aqueles militares de baixíssimo nível que avalizaram o governo Bolsonaro.
Nem sei se vivo está. Estando, o Exército deveria convidá-lo para a inauguração dos drones e pedir desculpas pelo descaso com que tratou suas pesquisas.