Jair Bolsonaro e sua equipe receberam, ao longo do mandato, membros de um dos movimentos alemães que está sendo investigado por tramar um golpe de estado para derrubar o governo daquele país.
Na última quarta-feira (7) a polícia alemã prendeu 25 pessoas, naquela que foi a maior operação do país contra a extrema direita nos últimos anos. Sobre elas recai a acusação de terem organizado um golpe. O foco é o grupo Reichsbürgern. De acordo com a procuradoria que cuida do caso, trata-se de uma suspeita de terrorismo.
Em 2021, dois membros do movimento Querdenken foram recebidos pelo atual mandatário do Brasil. De acordo com a polícia, alguns dos detidos pertenciam exatamente a esse movimento, que já vinha sendo monitorado pela inteligência do país por laços neonazistas desde 2020.
Os investigadores agora centram esforços em saber qual o papel dessa organização na rede clandestina que buscava derrubar o governo.
Grandes veículos da imprensa mundial, como os grupos de mídia SWR e ARD e os jornais como o britânico The Guardian confirmaram em suas apurações esse envolvimento.
Enquanto ministra, Damares Alves concedeu uma entrevista a uma jornalista ligada ao Querdenken, de nome Vicky Richter. Vicky é cofundadora de um partido antivacina e negacionista da pandemia, que dissemina ideias conspiratórias nas redes.
Em setembro de 2021, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e a própria Damares receberam a representante do grupo. Na conversa, a senadora recém-eleita pelo DF falou sobre a “erotização das crianças por meio de música, da arte, do cinema, das festas populares”. Em resposta, ouviu da alemã que ela estava “a par das elites que pagam caro para satisfazer suas fantasias” com crianças, além de “ritos de estupros” por comunidades tradicionais.
“O Brasil romantizou muito as práticas culturais. Mas quando vamos às aldeias, não tem nada disso. Tem dor e tortura”, respondeu Damares que ainda emendou: “A imprensa fala que eu sou louca, fanática, fascista, nazista, negacionista, maluca.”
A ex-ministra continuou com sua ladainha nesse encontro. De acordo com a reportagem de Jamil Chade, no UOL, ela disse ainda: “Nossa proposta mexe com muitas estruturas. É uma proposta de fortalecimento de família e proposta conservadora”
A entrevista foi retirada das redes sociais, sob os protestos de seus autores, que alegaram que as Big Techs ocultavam deliberadamente denúncias contra pedofilia.
“Como deve ser o medo das Big Tech e dos globalistas diante da verdade sobre esses crimes silenciosos?”, questionou a autora da entrevista.
A razão, todavia, era outra. Os representantes da extrema-direita alemã tinham utilizado uma música sem a autorização dos autores, que protestaram e derrubaram o vídeo.
Tal reunião aconteceu semanas após Bolsonaro receber uma deputada da AFD, partido alemão de extrema-direita, também alvo de monitoramento por parte da inteligência alemã. A parlamentar, neta de um ministro de Adolf Hitler, disse que suas viagem no Brasil foi durante suas férias. Entre os detidos, há um membro desse mesmo partido.
*Por DCM