Bebezão golpista

Bebezão golpista

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É curioso o silêncio sepulcral de Bolsonaro.

Um político derrotado costuma se pronunciar e dar entrevistas, para dar satisfações ao seu eleitorado e, assim, manter seu nome em pauta para as próximas batalhas da política.

Bolsonaro, um rematado falastrão, optou por um silêncio quase total. O ainda presidente se pronunciou muito rapidamente alguns dias depois do segundo turno das eleições e… não mais. Nem mesmo em eventos absolutamente amistosos, como formaturas de militares ou um jantar do seu partido, o PL, Bolsonaro tem falado. Antes uma metralhadora de idiotices e desumanidades, o presidente agora está mudo.

O fato de Jair ainda ser o presidente do Brasil deixa a situação ainda mais ridícula. As responsabilidades do mais alto cargo do país, que ele jurava prezar, de repente ficaram em segundo plano.

É mais uma evidência de que Bolsonaro não tem a menor aptidão para ocupar cargos públicos. O que já estava perfeitamente demonstrado pelo morticínio na pandemia, é claro. Hoje Bolsonaro chorou em uma formatura de militares. Pelas centenas de milhares de mortos pela Covid, nenhuma lágrima.

Me parece que há dois elementos importantes nesse silêncio do quase ex-presidente.

O primeiro é a confirmação de que Bolsonaro não sabe lidar com a derrota – o que já estava bem evidente com seus questionamentos delirantes às urnas eletrônicas, é bem verdade.

Ainda assim, não deixa de surpreender que um político com a popularidade de Bolsonaro, e que ainda exerce um cargo de relevância, simplesmente se recolha para chorar suas mágoas privadamente. Durante um mês inteiro – e contando!

Uma postura vergonhosa, digna de um bebezão mimado e muito distante do adequado para um presidente da República.

O outro ponto é que o silêncio de Bolsonaro foi conveniente para manter acesas as agitações golpistas que bloquearam estradas e tumultuaram quartéis pelo Brasil. Se instigasse os movimentos golpistas, Bolsonaro poderia sofrer punições da Justiça mais à frente. Se pedisse para que parassem a baderna, perderia sua aura de liderança da extrema-direita. O silêncio lhe permitiu manter a liderança sem afrontar diretamente os marcos legais.

O que é nada menos que deplorável: um presidente golpista e covarde, que só não incentiva explicitamente seus violentos apoiadores por medo das consequências pessoais que poderia enfrentar.

Jair só não melou as eleições e não tentou um golpe militar porque não tem apoio suficiente. Nas reuniões fechadas com os generalões ele deve ouvir coisas na linha do que vem falando seu vice, Hamilton Mourão: um golpe deixaria o Brasil em uma “situação difícil” diante da comunidade internacional. E aí o bebezão golpista fica emburrado e não quer mais falar com ninguém.

Não é por falta de vontade, vejam bem. Se um golpe não pegasse mal na comunidade internacional, estaríamos nesse momento enfrentando uma quartelada. Mas golpe à moda antiga pega mal, Lula ganhou e o Jair vai ter que ir embora.

De todo modo, é um fim de governo digno de Jair Bolsonaro: inoperante, melancólico e grotesco. Já vai tarde.

* O Cafezinho

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