Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) alega que últimos cortes do governo federal deixam contas da instituição no negativo.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das maiores instituições de ensino superior do país, informou neste sábado (3/12) que não tem mais verba para nenhum pagamento, seja emergencial ou contratado, e que não poderá, dessa forma, pagar bolsas de ensino e pesquisa, combustível de ambulâncias de seu complexo hospitalar e nem salários de centenas de funcionários extraquadro.
As contas da UFRJ estão com saldo negativo após o último corte orçamentário imposto pelo governo federal ao Ministério da Educação (MEC), na quinta-feira (1º/12). O montante bloqueado só da UFRJ foi de R$ 15 milhões; que se somam a outros R$ 9,4 milhões que já estavam bloqueados.
Governo federal bloqueia R$ 627 milhões de universidades e institutos
“A Reitoria da UFRJ identifica o momento como dramático, em um quadro jamais visto em sua centenária história, simbolizando desconsideração do governo federal com o funcionamento da UFRJ e do conjunto das demais universidades, que são casas da ciência para o progresso do próprio país, como ocorre em todo país verdadeiramente independente. O governo, há um mês do fim de seu mandato, apaga as luzes da sua gestão sem dar qualquer indício de comprometimento com o país”, diz nota divulgada pela reitoria da entidade neste sábado (03/12).
Já no mês de dezembro, a UFRJ informa que não poderá arcar com bolsas de assistência estudantil, como auxílio permanência, material didático, alimentação e todo o conjunto de assistências a alunos de baixa renda. Não há recursos também para os salários de cerca de 900 profissionais extraquadros do Complexo Hospitalar e da Saúde da UFRJ, que conta com nove unidades, entre eles o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o maior do estado do Rio em volume de consultas ambulatoriais.
Também não há verbas para os contratos de combustível para ambulâncias e outros veículos da instituição, como os da segurança patrimonial.
Cobrança por reversão
No comunicado divulgado neste sábado, a reitoria da UFRJ diz que “está mobilizada para a reversão deste cenário” e que a reitora Denise Pires de Carvalho virá a Brasília na tentativa de reverter os bloqueios orçamentários junto ao MEC. “Convocamos toda a comunidade universitária e a sociedade brasileira para que se unam e se mobilizem a favor da educação, da UFRJ e das demais universidades, que são o celeiro do conhecimento e da inovação no Brasil”, diz a nota.
“Enfatizamos que não há nada que as universidades possam fazer isoladamente, já que o corte orçamentário e o cancelamento de repasses financeiros constituem medidas unilaterais adotadas pelo governo federal, ainda que um pacote de esforços tenha sido feito ao longo de 2022 para que pudéssemos concluí-lo como programado. A Reitoria da UFRJ acompanha de perto a situação com o grau de seriedade que o assunto exige, já que se trata do funcionamento da maior universidade federal do país, e manterá as comunidades interna e externa informadas acerca da evolução do problema e de eventuais medidas de interrupção de atividades da UFRJ”, conclui o texto.
*Com Metrópoles