Em clima acirrado, projeto de Michelle Collins (PP) é negado com protestos; homenagem à Bolsonaro foi retirada da pauta.
Na manhã desta terça (05), a Câmara de Vereadores do Recife abriu a pauta com três propostas de homenagens a lideranças bolsonaristas. A primeira-dama Michelle Bolsonaro seria homenageada com a medalha de mérito Olegária Mariano, maior honraria concedida na capital pernambucana, mas que foi negada por 16 votos contra nove.
O senador Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Bolsonaro, também poderia receber a medalha. As duas são propostas de Michele Collins (PP), mas a medalha para a primeira-dama foi negada por 65% dos parlamentares votantes.
Também estava na pauta um possível título de “cidadão recifense” para o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), de autoria de Dilson Batista (Avante), mas o requerimento foi retirado às vésperas da sessão.
Na porta da Câmara, centenas de militantes de movimentos populares como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Levante Popular da Juventude, Movimento Brasil Popular, além de partidos de esquerda como PT, PSOL e PCdoB se manifestaram contra a proposta, como explica Gleisa Campigotto, do Movimento Brasil Popular “Como homenageiam quem deixa o nosso povo passar fome e deixa o nosso país entregue à inflação, não dá dinheiro para a educação, para a saúde? Queremos deixar um recado para Bolsonaro e o bolsonarismo: em Recife, fascista não se cria”, denuncia a militante.
Dentro da casa legislativa, os ânimos exaltados e a pressão da população que adentrou a casa criaram um clima contrário à aprovação da honraria. Um dos parlamentares contrários à concessão da medalha foi Ivan Moraes (PSOL), que ressaltou o caráter político da derrota. “Hoje é um dia histórico nessa casa. A gente está negando uma medalha e simbolicamente dizendo que a nossa cidade rejeita o que essa pessoa e o grupo a que ela pertence representam”, disse, referindo-se à Michelle e Jair Bolsonaro.
Proponente do projeto, a vereadora Michelle Collins causou tumulto ao final da votação e se pronunciou afirmando que os parlamentares foram “influenciados” a votar não para a honraria. “A população deve saber que foi isso que aconteceu, porque na verdade, nunca houve justificativa cabível para que essa medalha não fosse aprovada. Mas nós reconhecemos, nós vamos entender o que aconteceu como algo realmente político”, afirmou.
Com sua proposta derrotada, ela afirma que a medalha seria importante para a primeira-dama. “Eu quero dizer para Michelle Bolsonaro que a medalha Olegária Mariano seria muito importante para ela, mas mais importante para ela é a coroa de glória que ela vai receber do Senhor Jesus”, afirmou a vereadora.
Uma das últimas parlamentares a justificar o voto foi Liana Cirne (PT), que criticou a esposa do presidente Jair Bolsonaro. “Nós dissemos não à medalha Olegária Mariano para Michelle Bolsonaro, porque ficou demonstrado nesta tribuna que ela acumula deméritos, assim como seu marido. Hoje, a Casa José Mariano vive a festa da democracia”, afirmou a parlamentar.
*Com Brasil de Fato