As menores de idade venezuelanas que Jair Bolsonaro (PL) associou à prostituição ficaram a última semana sem sair de casa e não foram à escola para evitar o assédio que sofreram após as declarações do presidente, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
As informações são do deputado distrital Leandro Grass (PV-DF), que tem mantido contato com pessoas próximas às adolescentes e representantes de órgãos públicos que acompanham o caso.
De acordo com Grass, as meninas começaram a retomar a rotina apenas agora, devido ao esforço de lideranças locais e grupos de apoio a fim de preservar as meninas e a família, além de evitar que elas sofram ainda mais assédio, especialmente por políticos.
No dia 14 de outubro, Bolsonaro associou durante entrevista a um podcast, o fato de as meninas estarem arrumadas em um sábado de manhã à prostituição. Ele afirmou que as viu enquanto fazia um passeio de moto e que “pintou um clima” quando as encontrou. A fala do presidente teve grande repercussão, o que ocasionou o assédio que as adolescentes sofreram.
A Rede Intersetorial de São Sebastião, na quinta-feira (20), divulgou um documento pedindo providências. Eles afirmam que a visita da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da ex-ministra Damares Alves agravou a violação de direitos e promoveu a revitimização das meninas.
No documento, a Rede classifica as declarações de Bolsonaro como graves porque “naturalizam o assédio, a estigmatização, a exploração sexual em nosso país” e também porque ele não encaminhou para os órgãos competentes averiguarem a situação.
A entidade pede ainda que o Ministério Público do Distrito Federal e Território tome as medidas para apurar eventuais responsabilizações, disponibilize serviço de apoio psicológico às adolescentes, adote medidas para preservar a imagem, a segurança e integridade física das meninas.
*Por DCM