Se dependesse de Bolsonaro, apenas seus eleitores iriam votar

Se dependesse de Bolsonaro, apenas seus eleitores iriam votar

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Ele quer derrubar a decisão favorável ao transporte público gratuito no próximo dia 30.

Mal achou que se livrara de ter que explicar por que disse que “pintou um clima” entre ele e adolescentes venezuelanas, garotas de programa em sua opinião, Bolsonaro sofreu um novo abalo.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, liberou prefeitos e concessionárias para oferecer transporte gratuito aos eleitores que forem votar no próximo dia 30.

Pode ser um golpe mortal no plano de Bolsonaro de se reeleger. Transporte público de graça diminui a abstenção. E uma abstenção menor, em certas regiões, favorece mais Lula do que a ele.

Lula é mais votado pelos pobres, Bolsonaro, pela classe média e os mais ricos. Pobres têm menos dinheiro para sair de casa duas vezes em menos de 30 dias, a classe média e os ricos têm carros.

Políticos como Bolsonaro dizem amar a liberdade, e que dias de votação são dias de se festejar a democracia. Conversa mole. Por eles, só os que os apoiam votariam, os outros ficariam em casa.

É a abstenção que talvez decida esta eleição mais do que a economia, a defesa da democracia, a pauta de costumes esgrimida por Bolsonaro, ou o clima que pintou entre ele e as adolescentes.

Lula teria vencido no primeiro turno se em áreas de Minas e do Nordeste que lhe deram uma vitória acachapante sobre Bolsonaro não tivessem registrado índices de abstenção tão gigantescos.

Pelo menos 12 governos estaduais já decidiram transferir o feriado de 28 de outubro, dia do Servidor Público, para outra data. Ele cairia numa sexta-feira, a dois dias das eleições em segundo turno.

Nove estados e o Distrito Federal ainda mantêm o feriado na sexta. Os governadores de Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, e do Maranhão transferiram o feriado para o dia 31.

No 1º turno, mais de 30 milhões de pessoas não compareceram às urnas e, historicamente, a abstenção é maior no 2º turno. Bolsonaro vai contestar na justiça a decisão do ministro Barroso.

Para isso, acionou a Advocacia-Geral da União. A decisão de Barroso será examinada no plenário virtual do tribunal ao longo de hoje, em julgamento previsto para terminar às 23h59.

Sabe o que o tribunal decidirá? Dará razão a Barroso. O direito ao voto deve ser assegurado a todos, pobres e ricos. Transporte público gratuito, pelo menos em dias assim.

Prefeitos e concessionárias, portanto, que paguem a conta. Quanto dinheiro público não está sendo gasto por Bolsonaro fora das quatro linhas da Constituição só para se reeleger?

Esta é a eleição mais comprada por um presidente desde que a reeleição começou a existir em 1998. O país foi posto em estado de calamidade para que ele gastasse além do permitido. Isso pode?

Em tempo: Bolsonaro pensa que acabou a história do seu assédio às adolescentes de 14 e 15 anos em uma cidade-satélite de Brasília. A história o acompanhará pelo resto da vida. Foi nojenta demais.

*Noblat/Metrópoles

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