Pedro Passos teme que Congresso conservador ratifique demandas do presidente que são risco à democracia.
Segundo ahttps://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/10/bolsonaro-e-ameaca-ao-brasil-diz-cofundador-da-natura-ao-abrir-voto-em-lula.shtml Folha, o empresário Pedro Passos, cofundador da Natura, foi um dos primeiros, ainda no início de 2021, a defender a construção de uma terceira via nas eleições presidenciais. Depois, escolheu Simone Tebet (MDB) e fez contribuições para a sua candidata.
Com a polarização se mostrando intransponível nas urnas no primeiro turno, ele também toma a frente em outro movimento que foi destaque na cena econômica nesta primeira semana do segundo turno: declarou voto em em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Abro o voto para Lula porque estamos diante de uma ameaça institucional com o governo Bolsonaro”, afirmou. “E o Brasil não pode viver sob ameaça.”
Segundo Passos, o atual presidente da República também descumpriu promessas na economia. ” É um governo que prometeu ser liberal, mas de liberal não tem nada”, disse. “É intervencionista.”
O empresário destaca que o risco institucional da atual gestão contaminou até a economia, com estouros do teto de gastos e o uso indiscriminado do instrumento da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para viabilizar medidas que não são saudáveis à economia.
“Não tenho nenhuma expectativa de que ele possa fazer algo muito diferente daqui para frente”, afirmou.
Em 2018, o sr. escreveu um artigo na Folha intitulado “Qual é o meu voto”, defendendo uma agenda de mudanças, mas não citou nomes. Agora, por que o sr. sente essa necessidade de abrir o voto? Abro o voto para Lula porque estamos diante de uma ameaça institucional com o governo Bolsonaro e também porque tenho acompanhado a eleição. Eu apoiei a construção de uma agenda com o programa da Simone.
Efetivamente, no primeiro turno, tivemos a surpresa de uma maior votação no Bolsonaro do que o previsto nas pesquisas, e vimos a eleição de um Congresso muito radical de direita, na linha do Bolsonaro. Eu tenho muito medo que isso se reflita num governo forte e com tendências reacionárias. Tenho muito medo do que pode acontecer institucionalmente
Basta ver o que ocorreu em períodos recentes. Vários aspectos, que a gente supunha serem inconstitucionais foram implementados. Tivemos a PEC Kamikaze, a PEC dos precatórios, os benefícios em ano eleitoral. E o Supremo [Tribunal Federal] ainda é desrespeitado. A gente está diante de muitos desafios.
Eu achei importante abrir até para manifestar a orientação que discutimos dentro do grupo que apoiou a Simone, que decidiu apoiar Lula.
Cinco economistas ligados à criação do Real e à estabilidade da moeda, bem como empresários como sr. já declararam apoio a Lula. O sr. espera algum aceno de Lula na área econômica a partir desse apoio público? Eu espero que sim. Infelizmente, o programa que o PT tem sinalizado é muito ultrapassado. Seja pelo intervencionismo, seja pela influência que prevê nas estatais, pela manutenção de uma economia fechada, ou pela revisão de algumas reformas importantes, como a trabalhista.
Não é a agenda que imaginamos para o Brasil.