Terraplanismo do governo Bolsonaro chega aos números da fome

Terraplanismo do governo Bolsonaro chega aos números da fome

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Paulo Guedes nega que haja 33 milhões de pessoas com restrições alimentares, mas seu argumento para isso não se sustenta.

Este é um governo negacionista. Negou o vírus, negou a pandemia, negou a vacina. Nega até que a terra é redonda. Agora o ministro Paulo Guedes nega que existam 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar. O governo que nega o problema não resolve o problema.

É importante saber como chegou-se a este número. Foi feita uma pesquisa pela Rede Penssam, uma união de organizações formada por entidades como Ação da Cidadania, Actionaid, Ford Fundation, Vox Populi e Oxfam. Entre seus diretores, há dois ex-presidentes do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, que foi extinto indevidamente pelo governo Bolsonaro.

Fizeram uma pesquisa de opinião como se faz sobre eleição. Mas com uma quantidade muito maior de domicílios visitados: foram 12.743 domicílios brasileiros entre novembro de 2021 e abril de 2022, como explica a excelente matéria da repórter Cássia Almeida. Consideram “fome” desde passar o dia em jejum até pular refeições, principalmente os lares com crianças. Então chegaram a este número de 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar, ou passando fome mesmo ou com restrições alimentares muito severas.

Guedes questiona este número da fome afirmando que o valor do Auxílio Brasil é bem maior do que era o do Bolsa Família. Só que tanto o Auxílio Brasil como o Auxílio Emergencial não foram focados. A política de transferência de renda para os mais pobres precisa chegar no endereço certo. E a maneira que o governo Bolsonaro fez muitas vezes chega ao endereço errado. Basta lembrar o caso recente do empresário que negou uma marmita para uma senhora que passava fome, tinha recebido o auxílio emergencial.

O benefício foi distribuído fora do que o estado brasileiro – ao longo dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma – construiu como mecanismos para atingir os mais pobres, que foi criar o cadastro único, um banco de dados que chega aos centros de referência de assistência social, os Cras.

No governo Bolsonaro, isto foi abandonado. O auxílio emergencial foi pago via Caixa Econômica. Então houve muita fraude e desvio, e muita gente que precisava não recebeu o dinheiro. No próximo governo, é preciso fazer uma política social muito forte.

Os ministros da Fazenda geralmente gostam de negar os estudos. Mas Guedes nega todas as evidências. Basta olhar nas ruas para saber que a fome aumentou.

O quadro da fome é dramático, então, quem puder, doe para organizações confiáveis. Cada um de nós pode fazer sua parte e participar desta rede de apoio.

Miriam Leitão/O Globo

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