O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está mais preocupado com seu próprio futuro do que com a reeleição do aliado Jair Bolsonaro (PP) para o Palácio do Planalto. Ele disse a aliados que é “fundamental” o grupo eleger o próximo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) para se proteger contra a “iminente vitória” do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Uol, cabe à Câmara a indicação para a vaga aberta com a aposentadoria da ministra e ex-presidente da Corte Ana Arraes. Ainda no mês passado, Arthur Lira tentou decidir a questão, ungindo ao cargo seu escolhido, Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR). Havia prometido ao deputado a indicação em troca do apoio do Republicanos à sua eleição para o comando da Câmara.
O problema é que houve um racha entre seus aliados, com dois outros candidatos que não aceitaram abrir mão de concorrer à vaga: Soraya Santos (PL-RJ) e Hugo Leal (PSD-RJ). Forçaram Lira a deixar a eleição do indicado ao TCU para depois do primeiro turno das eleições de outubro. Tiveram o apoio da oposição e de outros candidatos ao cargo -como Fabio Ramalho (MDB-MG) e Luís Tibé (Avante-MG).
Foi o primeiro sinal de enfraquecimento do presidente da Câmara desde que os deputados passaram a dar como certa a eleição de Lula para o Planalto. Há um consenso no Congresso de que, eleito, Lula fará tudo para evitar que Arthur Lira se reeleja para o comando da Câmara.
O PT já informou a partidos aliados que não fará questão de indicar um membro da bancada para suceder Lira. O partido está disposto até mesmo a ajudar um nome do centrão, especialmente do Nordeste, desde que tenha apoiado abertamente Lula na campanha eleitoral.
Lira sabe disso, e está se preparando para uma verdadeira guerra. Passou a insistir junto a Jhonatan de Jesus, Soraya Santos e Hugo Leal que os três precisam chegar a um acordo. Caso contrário, o favorito para o TCU passará a ser Fabio Ramalho, que transita bem no centrão e na oposição com distribuição farta de quitutes aos deputados em jantares e durante os plantões noturnos de votação.
A eleição para ministro do TCU tende a se tornar, então, uma prévia da sucessão no comando da Câmara em 2023. Uma última demonstração de força, ou fragilidade, de Arthur Lira antes de tentar sua própria reeleição no comando da Casa.