A cabeleireira baiana Valdemira Telma de Jesus Sacramento, famosa em Salvador como Negra Jhô, acionou na Justiça a campanha da presidenciável Simone Tebet (MDB) por uso indevido de sua imagem na propaganda eleitoral veiculada na televisão.
A cabeleira se notabilizou tanto no Brasil quanto no exterior pela valorização da estética afro nas ruas do Pelourinho, em Salvador. Dona de um salão de beleza especializado em turbantes e tranças, Negra Jhô já foi tema de composição do cantor Saulo, um dos clientes dela.
Negra Jhô aparece em um vídeo da candidata por um segundo, mas, alega, tempo suficiente para perder apoio para um evento que organiza na capital baiana. Na imagem, a cabeleireira está de turbante, em frente à porta de um casarão histórico no Pelourinho, onde trabalha.
Por meio de nota, a campanha de Tebet informou ter adquirido o vídeo no banco de imagens internacional Shutterstock. O conteúdo já foi removido tanto da propaganda da candidata quanto da plataforma que comercializa as imagens.
Negra Jhô disse que tomou um susto ao tomar conhecimento, por meio de terceiros, na sexta-feira (9), que a imagem dela estava sendo veiculada na propaganda da candidata, pelo menos, desde o feriado da Independência do Brasil, dia 7 de setembro.
“Eu sou uma mulher negra livre. Não sou escrava para ter a imagem vendida por um site”, disse Negra Jhô. “É tanta gente que tira foto minha aqui no Pelourinho, mas não assinei nenhum termo para autorizar a comercialização de minha imagem.”
Ao saber da veiculação na propaganda, Negra Jhô recorreu às redes sociais, no sábado (10), para repudiar o uso da imagem dela. Somente no Instagram, a mensagem da cabeleireira baiana foi transmitida para cerca de 15 mil seguidores.
“Eu, Valdemira Telma de Jesus Sacramento, conhecida no Brasil pelo nome artístico e social Negra Jhô, venho a público repudiar o uso indevido, e, sem autorização, da minha imagem na campanha eleitoral da candidata Simone Tebet, a qual nunca tive nenhum tipo de diálogo ou contato pessoal”, disse no comunicado.
“Todxs sabem da minha índole, ética e compromisso com o meu povo preto. Repudio veementemente o uso da minha imagem. As providências cabíveis já estão sendo tomadas, e peço a todxs que me conhecem que compartilhem essa nota”, finaliza o texto.
Segundo a cabeleireira, a exposição involuntária na campanha da emedebista rendeu questionamentos sobre o posicionamento político dela.
*Com Folha