Apesar de Bolsonaro, bicentenário da independência marca momento de projetar futuro do Brasil

Apesar de Bolsonaro, bicentenário da independência marca momento de projetar futuro do Brasil

Compartilhe

São 200 anos de Brasil, data comemorada neste dia 7 de Setembro de 2022. Ao mesmo tempo que vivemos uma data especial que marca um processo emancipatório em nosso país também temos, por outro lado, a desagradável experiência de conviver com o atraso do conservadorismo amalucado e irracional de certos segmentos no Brasil. Como todo processo de transição é traumático, já é contabilizado e esperado que a mudança fosse levar os agentes do atraso a se contorcer e vociferar contra a perda de seu espaço numa nova ordem não só internacional como nacional que se aponta. Toda a bronca e a raiva da Extrema Direita brasileira é diretamente proporcional à sua acelerada decadência no século onde os trabalhadores devem reivindicar o seu protagonismo da História.

A Direita no Brasil sentiu o drama pela primeira vez nas Jornadas de Junho de 2013 quando uma legião de estudantes e trabalhadores urbanos tomaram as ruas para reivindicar melhores condições de vida em metrópoles cada vez mais caóticas e excludentes. O calor das ruas não só incomodou os bairros mais nobres da cidade de São Paulo como repercutiu em efeito cascata pelo Brasil. Não tardou para que a Direita colocasse em marcha mecanismos que pudessem neutralizar e instrumentalizar a raiva popular para o seu campo, sair da defensiva e impor uma ofensiva que pudesse incriminar o maior partido de natureza trabalhista e popular do país. Esse movimento culminou num processo de Lawfare e Guerra Híbrida (com apoio internacional) e que resultou na destituição ilegal da então presidente do Brasil Dilma Rousseff em 2016 com um processo de Impeachment fraudulento, que não pára em pé por um minuto. Um processo fajuto de natureza política que tentou criar a narrativa de que o Partido dos Trabalhadores seria algo como “vilão de toda a História do Planeta”, no melhor estilo do Nazismo que simplificava os problemas e culpava os judeus pelas tragédias políticas e econômicas atravessadas pela Alemanha do início do século XX. A estratégia foi a mesma, só que desta vez um grito de guerra declarado dos poderosos contra as representações políticas da classe trabalhadora. Com isso, toda a mobilização de setores poderosos para criminalizar o Partido dos Trabalhadores teve andamento numa operação que se provou bastante problemática e fracassada.

Ainda sem estabilizar a situação nacional, a interdição do ex-presidente e ícone do movimento operário brasileiro Luís Inácio Lula da Silva ocorreu em pleno ano eleitoral de 2018, plano este que se provaria decisivo na eleição de Jair Bolsonaro, o ex-capitão que se colocou ele próprio na condição de fazer o serviço sujo para a Burguesia, ou seja, levar adiante as reformas ultraliberais como a criminosa Reforma da Previdência alavancada no país a toque de caixa, à revelia da população sedada, desinformada pela máquina de alienação dos grandes veículos de comunicação. Além disso, Bolsonaro se propôs a avançar no desmonte do Brasil com privatizações que entregaram de mão beijada e à preço de banana ativos valiosos e históricos do estado brasileiro. Que patriotismo é este que coloca o Brasil de joelhos ao Capital internacional? Aqui é evidente o quão vergonhoso e constrangedor é ver Bolsonaro reivindicar pra si o “status” de salvador “patriótico” do Brasil e diversos segmentos inocentes do Brasil ainda acreditarem. Que escárnio! Mas por mais manobras que se faça, a dureza da realidade bate às portas. Quando o assunto é estrutura das sociedades, a farsa não se mantém por muito tempo e a queda no padrão de vida da população é evidente. Esta política covarde e cretina é o resultado direto do assalto ao Brasil. Que mais poderiam esperar? A população clama por Lula ao lembrar quantos avanços sociais foram alcançados entre 2003 e 2010, ainda que estes avanços tenham sido tímidos, certamente foram quase inéditos.

A Burguesia não teve alternativa: eliminar Lula ou colocá-lo de volta à cena com vistas a descomprimir o ambiente em meio às pressões sociais ascendentes. Optaram por descomprimir a cena e colocá-lo de volta ao palco político ainda que condicionado por acordos (daí a triste aliança com Geraldo Alckmin). Lula é uma expressão de luta dos trabalhadores contra esse espetáculo da barbárie. Não sabemos se Lula retorna ou não ao executivo do Brasil porque há um mês da eleição presidencial e tudo pode acontecer num país marcado pelo desespero de elites odiosas que são capazes de tudo para prevalecer, mas temos a certeza que nesta data de 7 de Setembro devemos olhar para o passado sobretudo para nos projetar para o futuro. Por mais manobras que a Direita e Burguesia criem, o futuro é da revolução popular. Não é possível lutar contra a marcha da História. Lula em si não representa efetivamente uma ruptura com a ordem do Capital (aliás nunca representou). Entretanto, por expressar uma vontade popular das camadas mais prejudicadas com o Golpe de 2016, Lula representa um passo importante e relevante na construção de uma autoestima que dê condições para politizar o povo, levá-lo a entender que é possível construir um projeto de futuro.

 

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: