Lula precisará de base com 180 deputados e emplacar o sucessor de Lira, diz José Genoíno ao GGN

Lula precisará de base com 180 deputados e emplacar o sucessor de Lira, diz José Genoíno ao GGN

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É preciso um estadista na presidência da Câmara, que não faça o jogo que Lira e Cunha fizeram, alerta Genoíno.

Em entrevista ao GGN, José Genoíno, ex-presidente do PT e ex-deputado federal, alertou dos desafios de governabilidade em uma eventual vitória do ex-presidente Lula (PT) nas eleições 2022. Na conversa com Luis Nassif, Genoíno verbalizou inúmeras vezes que o PT precisa se defender de eventual chantagem com “impeachment”, elegendo uma bancada própria e aliada, com no mínimo 180 deputados.

Além disso, para Genoíno, Lula, se eleito, deve priorizar a retomada do controle das ações emergenciais sem abrir mão da disputa pela presidência da Câmara, hoje sob comando de Arthur Lira, alinhado a Jair Bolsonaro (PL).

“O PT não pode perder a presidência da Câmara. Não é [sobre ter] um deputado do PT, mas ter um estadista na presidência da Câmara, que não faça o jogo que fez o [Arthur] Lira, ou que fez o Eduardo Cunha.”

Com aliados no Congresso Nacional, Genoíno prevê que a habilidade de negociação de Lula deve ser melhor explorada, com mais poder de barganha, para fugir de jogos políticos de eventuais adversários.

“O Lula é um grande negociador, mas é grande quando, para negociar, estabelece com que time ele negocia. Ele era o grande negociador das greves, mas tinha a classe trabalhadora por trás dele. Era o grande negociador no Congresso, mas tinha uma bancada fechada. Por isso acho que é fundamental ter uma bancada de 180. Não adianta vir com chantagem de impeachment aqui.”

Ainda na visão de Genoíno, Lula deve evitar negociar com o “Centrão” em bloco. A negociação deve ser feita com cada partido, como tem sinalizado Lula nas entrevistas. Segundo Genoíno, a estratégia foi utilizada antes e funcionou. Lidar com o “Centrão” como um bloco único é fortalecê-lo, adverte.

“Se você tratar o Centrão em bloco, você dá força para ele. Você tem que dividir. E aí vai depender da qualidade da bancada do PT, da qualidade da bancada do PSOL, do PCdoB, do PSB, do PV, da REDE, dos partidos que estão nessa coligação.”

Genoíno também fez críticas ao orçamento secreto. O ex-deputado defende que o Congresso não deveria ser personalista, com cada parlamentar decidindo aonde alocar emendas. Ele acredita que os partidos políticos precisam ser fortalecidos, ao invés de deputados individualmente.

“Tem um problema sério que precisa ser colocado, que a televisão não quer colocar: é necessário, além do orçamento secreto, combater o sistema sem fidelidade partidária. O cara chega lá eleito, ele é dono do seu nariz, e não pode ser assim. É o individualismo campeando.”

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