Apontado como o elo entre o empresário Luciano Hang e o que o Supremo chama de “núcleo de financiamento” dos atos de 7 de setembro de 2021, o empresário Marlon Bonilha, dono da empresa Pro Tork, foi recebido por Jair Bolsonaro menos de três meses antes do ato no Palácio do Planalto.
Bonilha não faz parte do grupo de WhatsApp batizado de Empresários & Política, mas foi citado no relatório do juiz de instrução anexado à decisão de Alexandre de Moraes que autorizou a operação de busca e apreensão e a quebra de sigilos de oito empresários bolsonaristas na semana passada.
Divulgado nesta tarde, junto com a decisão de Moraes, o relatório diz que a Pro Tork de Bonilha, sediada em Siqueira Campos (PR), manteve 14 caminhões nas proximidades do Supremo Tribunal Federal para ameaçar a corte durante os atos golpistas de 7 de setembro, no ano passado.
Bonilha é parceiro comercial de Luciano Hang, um dos participantes do grupo de empresários. Ele não foi alvo da operação da semana passada. O relatório da PF também não indica que ele estivesse participando de alguma iniciativa para os atos de 7 de setembro deste ano. Além de Hang, outros sete empresários foram alvo da operação.
Na véspera de 7 de setembro de 2021, diversos veículos furaram o bloqueio da Esplanada dos Ministérios e se posicionaram no entorno da Praça dos Três Poderes – incluindo caminhões de transportadoras e da indústria da soja, como mostrou a equipe do blog na ocasião.
Entre esses veículos estavam os da Pro Tork, que tiveram suas placas rastreadas e mapeadas pela Polícia Federal. A PF também menciona no relatório o encontro de Bonilha com Bolsonaro.
Na foto exibida pela própria Pro Tork em seu site, Bolsonaro posa ao lado de Bonilha com um capacete de uma nova linha batizada “Patriota”. A empresa anunciou oficialmente o lançamento dos novos produtos no dia seguinte, com ninguém menos do que Bolsonaro como garoto de propaganda.
Segundo a própria companhia divulgou à época, Marlon Bonilha discutiu com Bolsonaro a expansão de sua fábrica no Paraná para a fabricação de pneus. Completou a comitiva da empresa um irmão de Marlon, Flávio Roberto, conhecido como Beto, e o patriarca Altair Bonilha.
Também participaram da reunião o líder do governo na Câmara, o também paranaense Ricardo Barros (PP), e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.
No Instagram, onde costuma fazer propaganda da modalidade do motocross, Marlon chegou a divulgar os capacetes pouco mais de um mês depois do encontro e marcou o empresário Luciano Hang, do grupo Havan, de quem é próximo. Hang foi um dos empresários bolsonaristas que entraram na mira de Moraes e da PF na semana passada.
Na mesma época, o dono da Pro Tork também divulgou vídeos promocionais de uma motociata a favor de Bolsonaro em Florianópolis, em agosto de 2021. Tanto o presidente quanto Hang aparecem em destaque no material, que alterna imagens aéreas do percurso das motocicletas com a de Bolsonaro em um carro de som e, claro, da sua linha de capacetes.
Em uma rápida busca nas redes sociais, também é possível encontrar fotos de Bonilha com outros personagens da política do Paraná, como o governador Ratinho Jr. (PSD) e o candidato ao Senado Sergio Moro (União Brasil).