Após presidente dizer que parada seria em Copacabana, edital indica comemoração em torno do Pantheon de Caxias.
Após o presidente Jair Bolsonaro ter dito que a parada militar do 7 de Setembro aconteceria na orla de Copacabana, a Prefeitura do Rio de Janeiro tomou uma decisão que contraria o mandatário. Em edital publicado no Diário Oficial do Município de quinta-feira (4), a cidade indica que a comemoração da data acontecerá na região central, na avenida Presidente Vargas, em torno do Pantheon de Caxias.
De acordo com o edital, estruturas de metal, toldos, arquibancadas, grades e sonorização serão adquiridas e instaladas para o desfile, com custo estimado de R$ 318.035.
O pregão eletrônico, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública do RJ, também detalha a posição do que deve ser instalado —especialmente as tribunas e arquibancadas, com tudo em volta do Monumento a Duque de Caxias.
Nesta sexta-feira (5), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), disse que o evento será no local “aonde o Exército solicitou e aonde sempre foi feito”. Ele também disse que “não trabalha na birra nem na fofoca”.
“Preferências políticas e administração são coisas distintas. E as posições políticas aqui sempre foram claras”, escreveu.
Procurada para falar sobre a decisão, a prefeitura afirmou que, “até momento, não recebeu nenhum pedido de alteração do local do desfile de 7 de Setembro e, por isso, segue com o trabalho de apoio logístico para que o evento ocorra em seu local tradicional, a av. Presidente Vargas”.
Na terça-feira (2), no Twitter, Paes havia se colocado “inteiramente à disposição do governo federal”, mas disse que o evento demanda uma “logística bastante complexa”. O prefeito ressaltou a estrutura necessária e a demora para montagem.
“Obviamente, desafios que podem ser superados desde que se tenha organização e planejamento e se permita modificações na estrutura tradicional do evento”, disse.
Bolsonaro havia dito que, na data em que se comemora a Independência do Brasil, ele estará presente em desfiles oficiais pela manhã, em Brasília, como é tradição, e também no Rio de Janeiro, à tarde.
“Nós queremos, pela primeira vez, inovar no Rio de Janeiro. Sei que vocês queriam aqui, mas nós queremos inovar no Rio de Janeiro. Às 16 horas do dia 7 de Setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs, forças auxiliares, estarão desfilando na praia de Copacabana ao lado do nosso povo”, disse, durante a convenção nacional do Republicanos, realizada em São Paulo.
No mesmo dia em que Bolsonaro afirmou que o desfile havia sido transferido para a praia de Copacabana, o presidente também disse que as Forças Armadas e forças auxiliares, as polícias militares, desfilariam no evento. Entretanto, o edital da prefeitura não cita essas participações.
De acordo com o texto, a Polícia Militar somente estará presente na interdição da avenida, colaborando com a CET-Rio (Companhia de Engenharia e Tráfego do Município do Rio de Janeiro) e a Guarda Municipal do Rio de Janeiro.
A escolha de Bolsonaro de participar do desfile no Rio de Janeiro pegou militares que organizam o evento de surpresa. Os preparos para o evento estavam quase todos prontos, mas tiveram de ser rearranjados para comportar a participação do presidente e de seus apoiadores.
O ato deve ter caráter político e eleitoreiro, uma vez que ocorre a um mês da votação. Acontecerá ainda em um momento em que o chefe do Executivo está pressionado pelas pesquisas de intenção de voto e joga descrença sobre o sistema eleitoral.
*Com Folha