Um dos receios de aliados diz respeito à segurança do chefe do Executivo e do próprio público durante o evento.
Segundo Malu Gaspar, O Globo, lideranças do Centrão e o núcleo político da campanha de Jair Bolsonaro estão preocupados com a exigência do presidente de que seja realizada uma parada militar na praia de Copacabana no feriado de Sete de Setembro.
Um dos receios desses aliados diz respeito à segurança do chefe do Executivo e do próprio público durante o evento, já que, ao investir na junção da parada militar tradicional com um ato político, Bolsonaro aumentou o risco de tumultos e até mesmo de sofrer ataques.
Os líderes do Centrão temem que eventuais confrontos entre bolsonaristas e petistas nas ruas de Copacabana, a menos de um mês do primeiro turno das eleições, atrapalhem a tentativa de ganhar terreno no eleitorado normalmente avesso à radicalização política promovida por Bolsonaro.
No mês passado, um agente penal bolsonarista matou um guarda municipal petista que comemorava seu aniversário, em Foz do Iguaçu – o crime chocou o país e acendeu o nível de alerta entre as campanhas com questões de segurança e violência política.
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As pesquisas qualitativas da campanha e de adversários mostram que, sempre que o presidente investe contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral, ele perde votos, além de passar a impressão de que já se considera derrotado.
Na estratégia eleitoral, aliás, está o outro risco vislumbrado pelo Centrão: o de que o comparecimento ao ato no Rio seja menor do que o dos atos do ano passado, submetendo o presidente a um constrangimento justamente no momento em que ele tenta demonstrar força.
Antes do anúncio a respeito de Copacabana, já havia uma previsão de que o Sete de Setembro deste ano fosse “turbinado”, devido às comemorações do bicentenário da independência.
Com o deslocamento do evento para a Copacabana, o plano do presidente é repetir o roteiro de 2021, quando atraiu uma multidão à avenida Paulista, em São Paulo, para um ato em que atacou o STF e o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de canalha por estar comandando o inquérito das fake news.
Agora, bolsonaristas estão preocupados com a possibilidade de o 7 de Setembro não ser tão grandioso e até mesmo um tanto esvaziado, devido à alta rejeição do eleitorado à figura do presidente.
Se o público em Copacabana for menor do que o de as grandes manifestações no passado a favor de Bolsonaro, o tiro pode sair pela culatra.