Bispo licenciado da Universal, de Edir Macedo, Marcos Pereira ignorou convenção no Rio. PP do Piauí, de Ciro Nogueira, diz na justiça que apoio de Bolsonaro é “fake news”. Em Alagoas, Lira apoia “inimigo” do presidente, segundo a Forum.
A mazela eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) tem afastado até mesmo personagens chaves que realizaram a negociata para adesão do centrão ao governo. Abandonado por setores da sociedade civil – até mesmo por aqueles que apostavam no vale tudo fascista para implantação de políticas neoliberais -, o presidente agora convive com o desdém de aliados que, até então, se mostravam fiéis ao seu discurso de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Um desses personagens que desembarcou do bolsonarismo recentemente é o ex-bispo da Igreja Universal e presidente do Republicanos – braço político de Edir Macedo -, o deputado Marcos Pereira.
O Republicanos forma a tríade do centrão – juntamente com o PP e o PL – que deu sustentação ao governo Bolsonaro. Escanteado pelo presidente, Pereira nem mesmo esteve na convenção do PL no último domingo, quando foi homologada a candidatura do presidente à reeleição.
Segundo o jornal O Globo, Pereira foi excluído das reuniões de campanha. A mágoa teria se aprofundado após Bolsonaro mandar Damares Alves, ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves, filiada ao Republicanos, desistir da candidauta ao Senado pelo Distrito Federal para dar lugar a Flávia Arruda (PL), esposa do ex-governador José Roberto Arruda, que foi preso por tentativa de suborno.
Além do bispo licenciado, Bolsonaro também vem sendo escondido da campanha nos estados pelos dois principais aliados: o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do PP, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Ambos são do Nordeste, região onde Bolsonaro já teria jogado a toalha devido às pesquisas, que mostram Lula (PT) com cerca de 60% das intenções de votos.
Segundo reportagem de Julia Affonso e Daniel Weterman, no Estadão nesta sexta-feira (29), no Piauí, reduto de Ciro Nogueira, o diretório estadual do Progressistas acionou o Tribunal Regional Eleitoral para tentar proibir a circulação de imagens de seus candidatos ao lado do presidente.
Na justificativa, o partido de Ciro Nogueira diz que Bolsonaro “possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes” e que o material que circula no WhatsApp dos seus candidatos ao lado do presidente é “fake news”.
O partido é presidido no estado por Júlio Arcoverde, que busca um mandato de deputado federal. Ele foi escolhido por Nogueira, que empregou o filho dele no gabinete no Senado – hoje a cargo da mãe, Eliane e Silva Nogueira Lima.
Em Alagoas, o presidente da Câmara busca a reeleição com “santinhos” em que não menciona Bolsonaro: “Arthur Lira é foda”, diz a propaganda, ignorando o aliado do Planalto.
Lira apoia o senador licenciado Rodrigo Cunha (União Brasil) ao governo de Alagoas. O político é considerado “inimigo” pelo presidente desde 1999, quando o então deputado Bolsonaro votou contra a cassação de um colega que mandou matar a mãe de Cunha e saiu em defesa do mandante do crime político.