Hoje defensor de novos benefícios sociais, o presidente disse em 2000 que tinha ‘orgulho’ de se opor a programas de renda e defendeu que projeto deveria estar associado ao controle de natalidade. Bolsonaro foi o único deputado federal a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza em dezembro de 2000, quando exercia mandato na Câmara.
O nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou as redes sociais na manhã desta quinta-feira, após internautas resgatarem um áudio em que ele trata do voto contra o Fundo de Combate à Pobreza, há 22 anos. Na época, ele foi o único deputado federal a se posicionar em oposição ao projeto, que, naquela ocasião, foi aprovado pelo Congresso com cerca de R$ 2,3 bilhões de recursos: R$ 1 bilhão para ações de saneamento e R$ 1,3 bilhão para programas de transferência de renda, em especial o Bolsa Escola, programa precursor do Bolsa Família que transferia recursos para famílias pobres que mantinham crianças estudando.
A fala do presidente repercutiu, em meio às repercussões na corrida eleitoral da aprovação no Congresso da PEC Eleitoral, pacote de benefícios sociais no valor estimado de R$41 bilhões. A frase “Jair odeia pobres” chegou a ficar nos trending topics do Twitter.
Na gravação do discurso no plenário durante a votação, em dezembro de 2000, Bolsonaro disse que estava orgulhoso do seu voto. Segundo ele, a proposta além de aumentar impostos, incentiva que a “classe pobre cada vez tenha mais filhos”.
Eu me orgulho de ter votado contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Me orgulho e muito, porque é um fundo que aumenta imposto, aumenta a CPMF, aumenta o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. E nós sabemos que, infelizmente, esse dinheiro não terá destino certo, será usado o critério do clientelismo, assim como foi usado o critério da demagogia, por parte do autor da proposta, para aprovar isso aqui. O combate à miséria e a fome passa por uma rígida política de controle da natalidade.
Na sequência do argumento em plenário, o então parlamentar diz que até poderia apoiar o projeto, caso fosse associado ao controle de natalidade:
— Se não for assim, tudo que nós estamos fazendo aqui não terá seu objetivo. Então, aprovaria até essa proposta, vindo junto com uma política de controle de natalidade. Porque nós estamos, na verdade, estimulando que a classe pobre cada vez tenha mais filhos. Principalmente agora que eles estão sabendo que deve uma grande parte, uma totalidade desse dinheiro, ser empregado no programa chamado Bolsa-escola Ou seja, “eu quero ser reprodutor, quanto mais filho eu tiver mais salário mínimo eu vou ganhar”.
A principal fonte de recursos para o Fundo de Combate à Pobreza veio do aumento de 0,30% para 0,38% da alíquota da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), tributo que deixou de existir em 2008.
Já a PEC Eleitoral, aprovada na quarta-feira (13) pela Câmara dos Deputados, autoriza o governo a gastar R$ 41, 2 bilhões para conceder benefícios a menos de três meses das eleições. Segundo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, os novos benefícios devem começar a ser pagos no dia 9 de agosto.
*Com informações do Uol