A viúva de Marcelo Arruda, militante petista assassinado no sábado (9) por agente penitenciário bolsonarista, ficou surpresa ao saber que o presidente Jair Bolsonaro conversou por chamada de vídeo com os irmãos da vítima. “Absurdo, eu não sabia”, disse Pâmela Suellen Silva à coluna do Uol.
No diálogo, Bolsonaro convida os irmãos de Marcelo Arruda, Luiz e José, que são simpatizantes do presidente, a viajarem até Brasília para participarem de uma coletiva de imprensa que aconteceria na quinta-feira. Bolsonaro reclama que a imprensa —quase toda ela “de esquerda”, segundo diz— pretende atribuir a ele culpa pelo crime.
“Os irmãos de Marcelo não estavam na festa, como eles podem ter concordado com o que o presidente falou?”, questionou Pâmela.
A viúva diz que, apesar de ter posição política divergente, seu marido sempre respeitou os cunhados e eles sempre conversavam. Um deles, Luiz, foi quem providenciou o local para a comemoração do aniversário e só não pôde estar presente porque teve um “problema de emergência” para resolver em outra cidade. Mas a mulher dele estava no aniversário.
Com o irmão José, Marcelo não tinha muita ligação.
“Sabíamos que eles apoiavam o presidente, mas não imaginei que chegasse a esse ponto de eles deturparem a real história, dizer que o cara não foi por motivos políticos lá”, lamentou Pâmela. “Então, por que ele foi? Se a gente não conhecia ele, se a gente não sabia quem ele era? Ele tirou a vida do meu marido porque Marcelo era gordo, barrigudo? Óbvio que foi por motivo político.
A viúva do petista diz que não vê motivo para ir a Brasília, a não ser que seja para fazer um alerta a Bolsonaro. “Só se for para avisar ao presidente que ele está invertendo os papéis, invertendo a história, culpando a vítima. O cara invadiu a festa e agora a culpa vai ser do Marcelo?”