Ante um governo tão corrupto quanto fascista e violento, não há malabarismo que faça milagres. A defesa dessa política econômica concentradora, destruidora e desumana vale a cumplicidade com o golpismo?
imprensa comercial habituou-se a naturalizar o comportamento violento de Jair Bolsonaro desde seus tempos de parlamentar até seu mandato de presidente. Parte da mídia trata os episódios de violência política como se houvesse dois polos de violência, quando na realidade, um lado – o campo progressista – pratica a disputa política, enquanto o outro, a direita raivosa, pratica a guerra.
Ainda na semana passada, depois de ataques recentes, uma chamada da Folha de S.Paulo dizia “Episódios de violência e tensão se acumulam na pré-campanha eleitoral no Brasil”. A reportagem abordava episódios recentes, como o drone que despejou dejetos em ato de Lula em Uberlândia (MG). Ou a bomba caseira que feriu pessoas na Cinelândia, no Rio de Janeiro – também atiradas por um bolsonarista contra o público que participava de ato com Lula e Freixo. O título na internet permanece, mesmo com a matéria atualizada hoje (11), após o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, dirigente do PT na cidade.
No UOL, também hoje, Josias de Souza, assim intitula sua coluna: “Guerra eleitoral de 2022 tem primeiro morto! Segundo cadáver está a caminho”. Mas quem estimula e promove o armistício, a guerra e a morte? Ainda no domingo, o site Poder 360 assim noticiava o crime de Foz de Iguaçu: “Bolsonarista invade festa de petista e ambos morrem após troca de tiros”, mesmo com fartos relatos e imagens mostrando que Marcelo Arruda só atirou depois de ser alvejado pelo invasor, evitando uma possível chacina. Somente no final da tarde alterou a chamada para “Bolsonarista invade festa e atira em petista no Paraná”.
Ajustar as falas
Por sua vez, o jornalista da GloboNews André Trigueiro, respeitado por seu engajamento nas pautas ambientais, praticou o nivelamento característico desta mídia. Trigueiro – amigo do jornalista Dom Phillips – acabou sofrendo fortes reações no Twitter ao dizer que “os presidenciáveis” deveriam ajustar suas falas. “Ou os presidenciáveis ajustam seus discursos, sem darem pretexto para ações violentas de seus correligionários, ou serão responsabilizados pela inspiração que deram a gestos tresloucados (ou criminosos) que ainda podem ter lugar. A mesma beligerância que rende likes inspira crimes”, postou no Twitter.
Desse modo, o ex-deputado Jean Wyllys foi um dos que reagiu. “Desculpe, André, com todo respeito, você está sendo irresponsável ao traçar esse falsa simetria. E eu lhe desafio a apontar em qual dos discursos públicos e entrevistas de Lula aparece incentivo à violência ou algo parecido com o que faz Bolsonaro. Você não vai achar.
*Com RBA