Ao comentar a aprovação no Senado do pacote social do governo, o ex-presidente ponderou que a população mais pobre precisa de assistência, mas as medidas de Bolsonaro “não resolvem, porque tudo vai acabar em dezembro”, segundo a RBA.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (1º), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) subestima a população brasileira com a criação de novos benefícios sociais, a três meses do primeiro turno, que classifica como “eleitoreiros”. De acordo com o pré-candidato ao Palácio do Planalto, Bolsonaro “acha que pode comprar o povo. (…) Mas não vai”, declarou Lula.
A crítica foi feita em entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia, e faz referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 01/2022, aprovada ontem (30) no Senado, que permite ao governo federal instituir o Estado de Emergência. Na prática, a medida é uma maneira de a gestão Bolsonaro contornar a proibição que atualmente o impede de criar um pacote social em ano eleitoral. E, com isso, reverter sua reprovação, já que, com o Estado de Emergência, o presidente poderia ampliar o Auxílio Brasil, o vale-gás, criar o auxílio a caminhoneiros e taxistas e financiar a gratuidade de transporte coletivo para idosos.
Lula pondera que as políticas sociais são importantes diante da crise sanitária e econômica que se arrasta desde 2020. No entanto, ele destaca que o pacote de benesses de Bolsonaro “não resolve o problema. Tudo isso vai acabar em dezembro”, lembra o petista. Pelo texto do Executivo, os auxílios previstos valem até o último dia deste ano. A proposta ainda precisa também passar em duas votações na Câmara dos Deputados.
Projeto eleitoral
“Na verdade, esse projeto que ele mandou é um projeto eleitoral. Ele acha que pode comprar o povo, que o povo é um rebanho. E que o povo não pensa e vai acreditar em mentira, mas não vai. As pessoas podem mentir para um, para dois ou três, mas não podem mentir para o mundo inteiro todos os dias. (…) O Bolsonaro sabe que o problema dele não é a urna eletrônica. O problema dele chama-se povo brasileiro”, ressaltou o pré-candidato, acrescentando que não acredita na reeleição do atual presidente.
“Ele vai deixar a Presidência da República porque uma coisa chamada povo brasileiro, quase 150 milhões de eleitores, vão para urna dizer ‘chega’. O Brasil precisa de gente melhor, que fale em amor, paz, solidariedade e fraternidade. (Precisa) de alguém que conheça a palavra carinho e compaixão. E não uma pessoa que só vende ódio, só instiga ódio e divergências”, emendou Lula.
Favorito na corrida pela presidência da República, o petista observou ainda que, caso eleito, não tentará a reeleição ao término do mandato. De acordo com Lula, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), a prioridade de um eventual governo será “recuperar o país”. “Deixar preparado, gerar emprego, combater a fome, para recuperar a nação. Não vou ser um presidente que vai pensar na reeleição. Quero dar 4 anos da minha vida para esse país e depois gente mais nova disputa a eleição”, comentou.