Como a coluna antecipou, o Ministério Público Federal vê indícios de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na investigação.
Até a tarde desta quinta-feira, estava praticamente definida na cúpula da Polícia Federal a transferência, para um outro setor, do delegado responsável pelas investigações que levaram à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro.
O delegado Bruno Calandrini integra atualmente o setor de inquéritos especiais da PF, responsável por investigações sensíveis que envolvem autoridades. O plano da direção era transferi-lo para a Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos, segundo Rodrigo Rangel, Metrópoles.
Caladrini virou personagem da mais nova crise na corporação após apontar, em um grupo de delegados, interferência de superiores na condução do inquérito sobre o suposto esquema de corrupção montado no MEC, no qual Milton Ribeiro é investigado.
Nesta sexta-feira, as suspeitas de interferência mudaram de patamar.
Como a coluna antecipou mais cedo, o Ministério Público Federal viu no inquérito indícios de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter interferido na investigação. Em razão do foro privilegiado de Bolsonaro, o caso foi enviado para o Supremo Tribunal Federal.
Depois, a Globonews revelou o áudio que embasa a suspeita do MPF: em um telefonema interceptado pela PF, Milton Ribeiro disse à filha ter recebido de Bolsonaro uma ligação na qual o presidente dizia acreditar que haveria buscas em sua casa.
Indagada se o plano de transferir Calandrini está mantido, a PF se recusou a dar informações sobre o assunto. Em resposta a perguntas enviadas pela coluna, a assessoria de imprensa da corporação afirmou que “não trabalha com informações de cunho pessoal”.